Uma cidade da região autónoma chinesa de Xinjiang (nordeste) proibiu homens com barba e mulheres com véus de entrarem em transportes públicos, noticiou um jornal local, suscitando críticas de grupos de defesa dos direitos dos uigures, a etnia local.
As autoridades de Karamay proibiram os homens “com grandes barbas” e pessoas com sinais do crescente islâmico nas roupas de usar autocarros municipais, noticiou o Diário de Karamay.
Também foram banidas dos transportes públicos as mulheres que usem ‘hijab’ (véu que cobre cabelos, nuca, pescoço e ombros), ‘niqab’ (que cobre o rosto e a testa, deixando só a descoberto os olhos), ou ‘burqa’ (que cobre todo o corpo).
“Aqueles que não cooperarem com as equipas de inspeção, terão de responder à polícia“, advertiu o jornal.
Esta proibição estará em vigor durante uma competição desportiva local, que deve terminar a 20 deste mês, acrescentou.
A região autónoma de Xinjiang conta perto de dez milhões de uigures, muçulmanos turcófonos em parte contrários à tutela de Pequim. As autoridades chinesas acusam grupos radicais uigures de serem responsáveis por ataques terroristas cometidos nos últimos meses na região.
Peritos e grupos de defesa dos direitos humanos consideraram que a política repressiva de Pequim relativamente à cultura e religião dos uigures alimenta as tensões em Xinjiang.
As autoridades restringiram fortemente, para os muçulmanos da região, as possibilidades de cumprir este ano o Ramadão, época de jejum, enquanto campanhas frequentes têm por objetivo desencorajar o uso do véu islâmico.
As restrições adotadas pela cidade de Karamay “são claramente discriminatórias”, considerou Dilxat Raxit, porta-voz do Congresso mundial uigure, uma organização no exílio.
Tais medidas “aumentam os fatores de confronto entre uigures e Pequim”, acrescentou, numa mensagem enviada à agência noticiosa francesa AFP.
No domingo, os media estatais chineses anunciaram que uma centena de pessoas – 59 “terroristas” e 37 civis – morreu na passada semana num confronto no distrito de Yarkand.
Em maio, na sequência de um atentado terrorista suicida num mercado de Urumqi, a capital regional, o governo anunciou uma vasta campanha de luta antiterrorista.
Os controlos de segurança nos transportes públicos da região foram também reforçados.
No mês passado, as autoridades de Urumqi anunciaram ter proibido os utentes dos autocarros municipais de transportarem uma série de artigos, de isqueiros a iogurtes, de acordo com os media estatais chineses.
/Lusa