Uma equipa internacional de geólogos e paleobiólogos descobriu evidências que poderão redefinir a linha do tempo estabelecida quando a vida começou a desaparecer na extinção do Permiano-Triássico.
Há cerca de 252 milhões de anos, a grande maioria das espécies terrestres e marinhas foi exterminada na chamada “Great Dying” (extinção do Permiano-Triássico), graças a uma série de erupções vulcânicas que expeliram gases nocivos de efeito de estufa.
“A maioria das pessoas pensa que o colapso terrestre começou ao mesmo tempo que o colapso marinho e que aconteceu simultaneamente no hemisfério sul e no hemisfério norte”, diz a paleobotânica Cindy Looy, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, citada pelo site Science Alert.
O padrão para separar o Permiano do Triássico baseia-se num leito de fósseis marinhos perto da cidade de Meishan, no sul da China. Os sedimentos apontam para um momento catastrófico há 251,96 milhões de anos (com uma margem de erro de mais ou menos 35 mil anos), quando os ecossistemas aquáticos entraram em colapso e cerca de 96% de todas as espécies oceânicas morreram.
Mas, pelos vistos, não é o único. A equipa de investigadores analisou isótopos encontrados em cristais de zirconita embutidos numa amostra de cinzas vulcânicas na região sul-africana de Karoo. Durante o Permiano, esta bacia fazia parte do supercontinente Gonduana. É nestes registos fósseis do hemisfério sul que os sinais de desaparecimento da vida terrestre são mais claros.
Segundo o mesmo site, a assinatura isotópica da zirconita sugeriu que o material vulcânico estava lá há 252,24 milhões de anos. Ou seja, mesmo dando algum espaço de manobra, parece que as cinzas haviam caído centenas de milhares de anos antes do sedimento que define o padrão perto de Meishan.
“A nossa nova datação da zirconita mostra que a base da Zona de Montagem de Lystrosaurus é anterior à extinção marinha por várias centenas de milhares de anos. Isto significa que a rotação floral e da fauna em Gonduana está fora de sincronia com a crise biótica marinha do hemisfério norte”, afirma Looy, cujo estudo foi publicado, este mês, na revista científica Nature Communications.