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Praia e atol da ilha do Pacífico Tuvalu.
É o país menos visitado do mundo — até a Coreia do Norte recebe mais turistas por ano — e não tem a intenção de se tornar um resort em grande escala. Mas o pequeno arquipélago luta pela sobrevivência há anos: está a afundar-se.
26 quilómetros quadrados, com nem 12 mil pessoas lá dentro. Vamos falar de Tuvalu, o país menos visitado do mundo.
Localizado no Pacífico Sul, entre o Havai e a Austrália, o arquipélago de nove ilhas regista números de turismo praticamente simbólicos: em 2021, apenas 40 pessoas visitaram oficialmente as suas praias maravilhosas. Noutros anos, o número dificilmente ultrapassou as duas centenas.
A escassa procura não significa que Tuvalu não tenha bens preciosos (como se vê, aliás, pela imagem deste artigo). As praias paradisíacas isoladas, os recifes de coral e a rica biodiversidade marinha fazem do território um destino de sonho para viajantes que procuram maior contacto com a natureza.
Então, onde está o problema? Primeiramente, chegar lá é… muito díficil.
Há poucos voos semanais para Tuvalu, quase sempre operados a partir das Fiji, e a infraestrutura turística é praticamente inexistente. Em Funafuti, capital e principal ilha do arquipélago, só há uma estrada, com pouco movimento, e as opções de alojamento são bastante limitadas.
A ausência de promoção turística e o desconhecimento internacional contribuem cada vez mais para a invisibilidade do país. Ao contrário de destinos como as Caraíbas ou as Filipinas, Tuvalu não tem uma indústria turística consolidada, nem a intenção de transformar-se num polo de resorts.
Mas a verdadeira ameaça ao futuro do arquipélago é o aumento do nível médio do mar. Com uma altitude média de apenas dois metros acima da linha das águas, Tuvalu tornou-se epítome da vulnerabilidade das pequenas ilhas perante as alterações climáticas. O risco de desaparecimento do território tem sido motivo de apelo constante do governo local em fóruns internacionais: Tuvalu está a afundar-se.
Ainda assim, para os poucos que chegam, Tuvalu oferece uma experiência única. A vida comunitária mantém-se próxima das tradições, a gastronomia apoia-se em produtos locais como o coco, o fruto-pão e o peixe, e a ausência de multidões permite um contacto direto com a cultura polinésia. Para os interessados em história, permanecem vestígios da Segunda Guerra Mundial, como aviões americanos e bunkers deixados no Pacífico.
O povo divide-se: alguns veem no turismo uma forma de fortalecer a economia e dar visibilidade à luta contra a crise climática; outros receiam que qualquer expansão turística ponha em risco a frágil harmonia da comunidade e do ecossistema.
Neste isolamento, Tuvalu não está sozinho. Ilhas Marshall, Ilhas Salomão e Estados Federados da Micronésia enfrentam obstáculos semelhantes, desde a instabilidade política ao isolamento geográfico. Curiosamente, até a Coreia do Norte recebe mais turistas por ano do que este pequeno arquipélago ameaçado pelo oceano.