Só ele e os seus dois gatos: aos 16 anos, Robin Lee Graham deu a volta ao mundo numa chalupa

DOVE by Robin Lee Graham/Facebook

Robin e um dos seus gatos no veleiro ‘Dove’

Em 1965, Robin Lee Graham, com apenas 16 anos, partiu sozinho de San Pedro, Califórnia, com o objetivo de se tornar a pessoa mais jovem a dar a volta ao mundo num veleiro.

E cinco anos e praticamente 50 mil quilómetros depois, conseguiu. A bordo do Dove, um pequeno veleiro de 7 metros, enfrentou tempestades, solidão, problemas mecânicos e crises pessoais — mas também encontrou o amor, a fama e, mais tarde, a paz longe do mar, recordou recentemente o All That’s Interesting.

Robin cresceu a navegar com o pai nas águas do Pacífico. Ainda era jovem quando a família se mudou para o Havai, onde aprofundou a sua paixão pela vela. Em 1965, com apenas 15 anos, protagonizou a sua primeira aventura perigosa: partiu de Honolulu com dois amigos, sem avisar os pais, numa pequena embarcação de alumínio em direção a Lanai. Uma tempestade quase os fez desaparecer, mas acabaram por chegar ao destino e contactaram as autoridades.

O pai não o castigou: em vez disso ofereceu-lhe um veleiro maior, que seguiria consigo nesta viagem histórica que agora recordamos.

A 27 de julho de 1965, o jovem zarpou da Califórnia com dois gatos como companhia. Parou no Havai antes de seguir para a Ilha Fanning, e depois tentou alcançar Pago Pago, em Samoa Americana. Mas uma tempestade partiu o mastro do Dove e obrigou-o a alterar a rota para Apia, a capital das Samoa, onde conseguiu reparar o barco. Travado pela época dos furacões, só retomou viagem em maio de 1966.

Passou pelas ilhas Tonga, Fiji e outros pontos do Pacífico Sul. Em Fiji conheceu Patti Ratterree, uma jovem americana que também andava a viajar pelo mundo. Apaixonaram-se e, apesar de Graham continuar a navegar sozinho, Patti passou a encontrá-lo em diversos portos ao longo da sua rota.

Após um ano de navegação pelo Pacífico, Graham chegou a Darwin, na Austrália, em maio de 1967. Duas semanas depois, alcançou as Ilhas Cocos, mas logo após a partida enfrentou outra violenta tempestade. O Dove ficou novamente sem mastro e Robin teve de navegar mais de 4.000 quilómetros até à ilha Maurícia, com recurso a um mastro improvisado.

Depois dos reparos, dirigiu-se para a África do Sul, onde voltou a encontrar Patti. Passaram nove meses a explorar o país e decidiram casar. Como Robin ainda era menor, precisaram da autorização escrita dos pais. Casaram-se antes de ele partir para a travessia do Atlântico, com destino à América do Sul.

A travessia mais solitária

A 13 de julho de 1968, Graham deixou a Cidade do Cabo para iniciar o seu percurso mais longo até então. Fez uma breve paragem na Ilha de Ascensão e, após seis semanas, chegou à Guiana. Depois, seguiu para Barbados, onde o esperava um novo veleiro, o Return of Dove. Em janeiro atravessou o Canal do Panamá com a companhia de Patti e continuou para as Galápagos.

Finalmente, a 30 de abril de 1970, quase cinco anos após a partida, Robin Lee Graham ancorava em Long Beach, Califórnia. Tornava-se, assim, a pessoa mais jovem de sempre a circum-navegar o globo sozinho num veleiro — um recorde que se manteve durante 17 anos.

A proeza de Robin captou a atenção do mundo. Foi capa da National Geographic três vezes, recebeu patrocínios e inspirou livros e filmes. Patti estava grávida de sete meses quando chegaram aos Estados Unidos e, pouco depois, tornaram-se pais.

Graham acabaria no entanto por cair numa profunda depressão. Um ano após o regresso, Patti encontrou-o com uma arma na mão. Conseguiu evitar uma tragédia e, juntos, decidiram procurar uma nova vida longe do mar.

O casal viajou de carrinha pelo país até encontrar o seu novo porto seguro no estado do Montana, perto do Lago Flathead. Ali construíram uma vida afastada das rotinas náuticas, mas sem esquecer o passado.

ZAP //

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