A possível destruição da cidade histórica síria de Palmyra, atualmente controlada pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI), será “uma enorme perda para a Humanidade”, declarou a diretora-geral da UNESCO, Irina Bokova.
“Palmyra é o local de um legado mundial extraordinário no deserto, e a destruição de Palmyra não será apenas um crime de guerra, mas também uma enorme perda para a Humanidade”, referiu a representante, num vídeo divulgado esta quinta-feira pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
Na mesma mensagem, Irina Bokova voltou a pedir ao Conselho de Segurança da ONU para discutir o assunto.
“Precisamos que o Conselho de Segurança, todos os líderes políticos e os líderes religiosos lancem um apelo para prevenir estas destruições”, indicou a representante, sublinhando que, “em última análise”, esta cidade histórica síria é “o berço da civilização humana” que “pertence a toda a Humanidade”.
A diretora-geral da UNESCO destacou ainda a mensagem de partilha cultural que é visível em Palmyra.
“É isso que [a cidade] Palmyra nos transmite, todas as culturas se influenciam mutuamente, todas as culturas se enriquecem mutuamente”, destacou.
Palmyra foi classificada pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade em 1980.
Os jihadistas do EI assumiram hoje o controlo total desta cidade histórica no deserto sírio, aumentando os receios de uma eventual destruição deste local emblemático, uma vez que os combatentes extremistas já destruíram diversos tesouros históricos, nomeadamente no Iraque.
Situada cerca de 210 quilómetros a nordeste da capital síria de Damasco, a “pérola do deserto“, como é apelidada a cidade, tem uma grande importância estratégica para o grupo radical.
Palmyra, cidade com mais de dois mil anos, está situada no grande deserto sírio limítrofe da província iraquiana de Al-Anbar, que o EI já controla em grande parte.
O Observatório sírio dos Direitos Humanos informou que as forças sírias realizaram hoje vários raides aéreos em distintas zonas da cidade de Palmyra.
A organização não-governamental não precisou se estes ataques aéreos provocaram baixas ou danos materiais naquela zona.
Desde que os extremistas assumiram o controlo de Palmyra, depois da retirada das forças governamentais e da população civil, as informações sobre a atual situação dentro da cidade e da zona antiga são escassas.
Durante a última semana, pelo menos 462 pessoas morreram durante a ofensiva jihadista contra Palmyra e outras zonas do leste da província de Homs (centro da Síria).
Após esta conquista, os jihadistas controlam mais de metade do território sírio, o que equivale a uma superfície de 95.000 quilómetros quadrados, pouco mais do que o território total de Portugal, que ronda os 92.225 quilómetros quadrados.
Antes do início da guerra civil na Síria, em março de 2011, as ruínas de Palmyra, que combinam influências gregas, romanas, persas e islâmicas, eram uma das principais atrações turísticas da região.
/Lusa