Guerra entre Israel e Irão: a China já escolheu um lado

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Mark R. Cristino / EPA

A China apoia o Irão na luta contra Israel, e a posição de Pequim é mais de Pequim é mais forte e direta do que nunca. A Síria, por outro lado, está estranhamente silenciosa…

Pequim tomou uma posição clara sobre o conflito em curso entre o Irão e Israel.

Segundo o Foreign Policy, no sábado, o ministro dos Negócios Estrangeiros  da China, Wang Yi disse ao seu homólogo israelita, numa chamada telefónica, que os ataques de Israel contra o Irão eram “inaceitáveis” e uma “violação do direito internacional”.

Wang ofereceu apoio ao seu homólogo iraniano para “salvaguardar a soberania nacional do Irão, defender os seus direitos e interesses legítimos, e garantir a segurança do seu povo”, diz o Foreign Policy.

Na terça-feira, presidente chinês, Xi Jinping reforçou esta posição numa declaração citada pela agência Reuters.

A resposta chinesa ao conflito iniciado no dia 13, com o ataque de Israel ao Irão é mais forte e direta do que a sua reacção à troca de mísseis entre o Irão e Israel no outono passado.

A China mobilizou os seus recursos diplomáticos, incluindo a emissão de uma condenação dos últimos ataques de Israel pela Organização de Cooperação de Xangai (OCX), da qual o Irão é membro.

Esta posição originou uma repreensão da Índia, um membro da OCX com fortes laços comerciais de armamento com Israel, que não foi consultada sobre a declaração.

O Irão aproximou-se da China nos últimos anos. Os dois países cooperam regularmente em exercícios militares e assinaram um acordo de cooperação económica, militar e de segurança em 2021.

Mais de 90 % das exportações de petróleo iranianas vão para a China— através de um sistema que contorna bancos e serviços de transporte ocidentais e transacções em yuan, para evitar activar sanções.

Se Israel tiver sucesso a perturbar a indústria petrolífera do Irão, poderá ser doloroso para a China, mas o Irão é apenas o sexto maior fornecedor de Pequim, que poderá ser capaz de absorver o golpe, diz o Foreign Policy.

É improvável que Pequim forneça ao Irão algo mais do que apoio retórico, apesar da sua declaração forte: a China tem pouca vontade de ser arrastada para os assuntos do Médio Oriente, estando mais preocupada com a sua guerra comercial com os Estados Unidos.

As relações sino-israelitas foram arrefecendo durante a guerra entre Israel e o Hamas, tanto devido à posição pró-palestiniana da China como pelos surtos de antissemitismo na internet chinesa.

Para a China, uma vantagem do conflito Irão-Israel poderia ser a de abrir novos mercados para a sua tecnologia de defesa.

Recentemente, o Paquistão superou as expectativas na sua recente escaramuça com a Índia — um sucesso atribuído em grande parte ao seu uso de sistemas chineses: o caça J-10C, que foi testado em combate pela primeira vez nesse conflito, e o sistema de defesa aérea maioritariamente chinês.

A China foi outrora um grande parceiro de armamento do Irão, mas os dois países não assinaram novos acordos desde 2005. Isso poderá agora mudar.

Ao contrário da China, a Síria ainda não manifestou qualquer posição no conflito entre Israel e o Irão — e o seu aparentemente estranho silêncio, enquanto outros estados árabes condenam os israelitas, está a tornar-se ensurdecedor, nota o The New York Times.

A Síria foi outrora um dos aliados mais próximos da república islâmica, mas o novo governo não perdoa aos iranianos o apoio de Teerão ao regime de Assad, e comprometeu-se a não permitir ataques a Israel a partir do seu território.

ZAP //

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