Uma micro-nação de que nunca ouviu falar tem como hino nacional uma pedra a bater na água

Erik Daugaard / Wikimedia Commons

A escultura “Nimis”, na baía da Ladónia

A este “país” invulgar nascido devido a um conflito judicial entre um artista e o Estado sueco não falta personalidade — é representado por uma pedra e um conjunto de paus. Até o relógio está 3 minutos adiantado.

Uma micro-nação é uma região que se auto-proclama nação independente, ainda que essa independência não lhes seja reconhecida por governos. Por norma, são fundados por pequenos grupos de pessoas e não possuem controlo real de território, mas reivindicam soberania.

É o caso da Ladónia, situada na pequena península de “Kullen”, no Sul da Suécia, uma região repleta de biodiversidade. Esta micro-nação tem uma história peculiar — nasceu em 1980, e tem origem em… estátuas.

Nesse ano, o escultor Lars Vicks iniciou a construção de duas esculturas feitas de madeira e pedra que deram à costa. A escultura, apelidada de “Nimis” foi crescendo e crescendo, e a sua construção acabou por durar 4 décadas.

Atualmente, tem 100 metros, e é uma complexa interligação de paus de madeira, ligados por uma ponte, tendo-se tornado uma atração turística da região pela sua estranha beleza. O problema? A estrutura foi feita ilegalmente, sem qualquer tipo de licença estatal.

A construção valeu então ao artista longos anos de luta contra a Justiça sueca, que processou Vicks. A estátua chegou mesmo a ser incendiada, tendo dois terços da estrutura sido destruídos. A polémica estendeu-se a todo o país,e. os cidadão da região criaram um movimento de protesto contra o governo, que culminou na criação de uma auto-proclamada República da Ladónia.

A nação, reconhecida apenas unilateralmente, tem inclusive um primeiro-ministro e um secretário de Estado. Este último papel cabia ao próprio Lars Vicks, até o artista ter morrido em outubro de 2021 num acidente de viação.

A Ladónia, que em janeiro de 2024 tinha cerca de 29.097 habitantes, é uma monarquia, e tem uma Constituição e eleições para o governo. Curiosamente, não existem homens no trono — só pode haver rainhas.

Um hino, uma língua e um relógio invulgares

O hino da Ladónia é provavelmente o mais invulgar do mundo — consiste no som de uma pedra atirada à água, acompanhado por um canto místico. Para a tornar ainda mais invulgar, a canção foi escrita… pelo ministro da Saúde, Greve Jan Lothe.

Mas as coisas estranhas não se ficam por aqui. Para além de um moeda própria (o Örtug), este lugar tem também uma língua, que qualquer linguista considerará algo… pobre. “A língua ladoniana consiste em duas palavras: ‘waaaaalll’ e ‘ÿp’. Waaaaalll não tem um número definido de a’s e l’s, mas são sempre um número ímpar de cada e mais a’s do que l’s. Waaaaalll é usado de forma exuberante, enquanto ÿp é reservado para ocasiões solenes ou sérias”, lê-se no site oficial da micro-nação.

Como se não bastasse para despertar a curiosidade de qualquer um, a Ladónia tem um fuso horário diferente do resto da Suécia. A diferença é de… 3 minutos.

Carolina Bastos Pereira, ZAP //

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