Estes “novos” EUA também estão em guerra com o país natal de Musk

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“Se não nos dão dinheiro, não lhes damos minerais”, ameaçou ministro sul-africano. Trump diz que o país “está a confiscar terras” e Musk acredita que “está na hora de a USAID morrer”.

O ministro dos Recursos Minerais sul-africano, Gwede Mantashe, declarou esta segunda-feira que não serão enviados mais recursos naturais para os Estados Unidos se o novo presidente norte-americano Donald Trump cessar o financiamento à nação africana.

Se não nos dão dinheiro, não lhes damos minerais“, declarou o ministro sul-africano após as declarações do de Donald Trump de que o financiamento ao país será cortado até que seja concluída uma investigação sobre as alegadas expropriações em curso.

“No continente, não podemos temer tudo, se não, vamos colapsar. África é um continente rico em recursos, temos de ter noção disso e usufruir dessa realidade”, acrescentou.

O que dizem Trump e Musk

O Presidente Donald Trump escreveu no domingo que iria “cortar todos os futuros financiamentos à África do Sul” em protesto contra a sua atual reforma agrária. Segundo o republicano, a África do Sul “está a confiscar terras e a tratar muito mal certas classes de pessoas” e a “esquerda radical não quer que se saiba”.

“Uma enorme violação dos direitos humanos, no mínimo, está a acontecer à frente de todos”, sublinhou ainda Trump.

Elon Musk, um dos aliados mais próximos de Trump e um dos rostos da sua nova administração, nasceu na África do Sul, em 1971, durante a era do apartheid no país. O bilionário tornou-se cidadão americano em 2002. Apesar de tudo, o magnata da tecnologia disse este domingo que é hora de a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) “morrer“.

A USAID “é uma organização criminosa” e “está na altura de morrer”, escreveu no X — o mais recente sinal de que a administração Trump está prestes a eliminar ou reestruturar a agência com 64 anos.

África do Sul cautelosa

Também o Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, explicou esta segunda-feira, na rede social X, que a Lei da Expropriação não é um instrumento de confisco.

“A Lei da Expropriação, recentemente adotada, não é um instrumento de confisco, mas sim um processo legal, mandatado pela Constituição, que assegura o acesso público à terra de uma forma equitativa e justa”, indicou o chefe de Estado Sul-africano.

A África do Sul, tal como os Estados Unidos, sempre teve leis de expropriação que equilibram a necessidade de utilização pública da terra e a proteção dos direitos dos proprietários, prosseguiu Ramaphosa.

“O Governo sul-africano não confiscou qualquer terra”, assegurou.

“Aguardamos, com expectativa, o diálogo com a administração Trump sobre a nossa política de reforma agrária e sobre questões de interesse bilateral. Estamos certos de que, a partir desses contactos, partilharemos um entendimento melhor e comum sobre estas questões”, indicou.

Segundo o chefe de Estado, os EUA “continuam a ser um parceiro político e comercial estratégico fundamental para a África do Sul”.

O que é a Lei da Expropriação?

Em 23 de janeiro, Ramaphosa promulgou a Lei da Expropriação, que facilitará a expropriação de terras do interesse público por parte dos organismos estatais – autoridades locais, provinciais e nacionais – desde que seja paga uma indemnização justa, substituindo assim a legislação que estava em vigor desde 1975.

Em 2017, o periódico City Press noticiou que os agricultores brancos detinham quase três quartos das terras agrícolas da África do Sul, apesar de 23 anos de esforços do Governo para redistribuir terras à maioria negra.

No entanto, de acordo com a Presidência sul-africana, a expropriação não pode ser exercida a não ser que a autoridade expropriante tenha tentado, sem sucesso, chegar a um acordo com o proprietário ou detentor do direito à propriedade em termos razoáveis”.

Além disso, a lei prevê que os litígios sejam submetidos a mediação ou aos tribunais competentes.

Quando Donald Trump tomou posse, os Presidentes da África do Sul, nação vizinha de Moçambique, e do Burundi foram os únicos líderes africanos a felicitar o republicano pelo regresso à presidência dos Estados Unidos.

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. Putin deve gostar muito desta nova política americana em relação à África. E Xi também.

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