Estrela “vampira” está a encolher e vai explodir em breve

Wikimedia Commons

Ilustração de uma anã branca

Com 1,2 vezes a massa do Sol, a anã branca RX J0648.0–4418 tem a rotação mais rápida conhecida. Deve explodir e tornar-se uma supernova num prazo máximo de 100 mil anos — uma ninharia em termos astronómicos.

Já lhe aconteceu estar a deliciar-se com alguma comida tão saborosa que acabou por comer mais do que deveria? Pois é, algo do tipo está a acontecer com a estrela RX J0648.0–4418, que fica a cerca de 1700 anos-luz da Terra. O problema é que esta estrela é uma anã branca “vampira” que está a roubar tanta matéria da sua vizinha que pode acabar por explodir em breve — em termos astronómicos, claro.

A estrela em questão é a vizinha de HD 49798, astro que tem cerca de 1,5 vezes a massa do Sol. O sistema intriga os astrónomos desde 1997, quando descobriram emissões de raios X vindas dali. Já em 2009, o telescópio espacial XMM-Newton mostrou que, de facto, havia uma estrela anã branca no sistema — que é RX J0648.0–4418.

Com 1,2 vezes a massa do Sol, RX J0648.0–4418 é considerada a anã branca com rotação mais rápida já vista. Completa uma volta ao redor de si própria a cada 13 segundos, e enquanto isso, captura matéria da sua vizinha. Agora, uma nova análise de Sandro Mereghetti, investigador do Instituto Nacional de Astrofísica, confirma que a “agilidade” da estrela pode estar relacionada com o seu encolhimento.

Além da sua rotação impressionante, RX J0648.0–4418 é uma das anãs brancas mais massivas já encontradas. Normalmente, estas estrelas têm no máximo 0,6 vezes a massa do Sol, mas esta tem o dobro deste valor. Isso significa que a anã branca está perto do chamado Limite de Chandrasekhar, que determina quando uma estrela tem massa suficiente para explodir em supernova.

“Há uma massa limite que uma anã branca pode sustentar. É de cerca de 1,4 vezes a massa solar. A anã branca deste sistema já está bem próxima desse limite e está a acumular massa”, disse Mereghetti. “Os cálculos teóricos fornecem estimativas ligeiramente diferentes de quando esse sistema se tornará uma supernova, mas todas são inferiores a 100 mil anos”, explicou o autor.

O tempo parece longo? Pois saiba que, na verdade, ele é bem curto em termos astronómicos — o nosso Sol, por exemplo, tem quase 4,6 mil milhões de anos. A explosão de supernova desta estrela vai ser acelerada pelo facto de que, conforme o sistema envelhece, a velocidade com que ele rouba matéria aumenta. Felizmente, ainda há muito tempo até lá para os cientistas estudarem o sistema.

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