Análise propõe perspectiva única sobre impactos na saúde relacionados com a qualidade do ar das políticas de electrificação.
Muito se tem falado e analisado sobre as consequências dos carros eléctricos para o ambiente e para a saúde dos humanos, entre outros aspectos.
Mas este estudo, escrevem os próprios autores, propõe uma “perspectiva única” na avaliação dos impactos na saúde relacionados com a qualidade do ar das políticas de electrificação dos veículos ligeiros.
Os autores da análise sugerem uma política de electrificação “ambiciosa” e uma renovação “dinâmica” da frota.
Foi utilizado um modelo de rotatividade de frotas e cenários futuros de misturas de “gerações eléctricas”.
Primeiro cenário: renovação da frota automóvel com veículos eléctricos; todos os veículos novos vendidos até 2035 serão eléctricos.
Segundo cenário: renovação da frota automóvel com veículos mais recentes com motor de combustão interna, mas sem eléctricos nessa renovação; continuamos a conduzir carros “normais” mas que se tornam mais eficientes com o tempo.
A previsão é a longo prazo: uma perspectiva sobre o impacto da electrificação de veículos ligeiros nos EUA entre 2022 e 2050.
O modelo inclui factores de emissão de poluentes do veículo e um modelo de avaliação e qualidade do ar de complexidade reduzida.
E avalia emissões poluentes directas (tubo de escape, desgaste dos travões e desgaste dos pneus) e indirectas (produção de electricidade e combustíveis líquidos) de óxido de azoto, dióxido de enxofre, partículas finas PM2,5., amoníaco e compostos orgânicos voláteis.
De acordo com esta análise, os benefícios para a saúde a curto prazo surgem no segundo cenário – com veículos a gasolina mais recentes sobretudo por causa das reduções nas emissões de óxido de azoto; mas a electrificação da frota – primeiro cenário – gera benefícios adicionais a longo prazo.
Os poluentes referidos são mais críticos em zonas onde vivem pessoas com menos recursos económicos; fazer a transição para eléctricos poderá ajudar a criar comunidades mais saudáveis a todos os níveis.
Se houver uma descarbonização contínua da rede, acrescenta o estudo, a electrificação reduziria cumulativamente os impactos nocivos na saúde relacionados com a qualidade do ar – e seria uma poupança entre 80 a 180 mil milhões de euros até 2050 em cuidados de saúde, comparando com a renovação da frota sem veículos eléctricos.
O The Cool Down resume: quando os condutores trocam os carros movidos a combustíveis por carros eléctricos, todos respiram um ar mais limpo.
Ou seja, de acordo com o estudo, mais do que contribuir na luta contra o aquecimento global, um mundo repleto de eléctricos elimina outros tipos de poluição atmosférica, o que é igualmente muito importante para a nossa saúde.
Os carros eléctricos terão um “impacto significativo e quantificável” na nossa saúde, descrevem os autores.
No entanto, há algo essencial nesta perspectiva: precisamos de electricidade limpa para alimentar estes carros, para chegar a todos estes benefícios. Se as centrais eléctricas continuarem a queimar combustíveis sujos, os EUA deverão perder entre 30 mil milhões de dólares e 68 mil milhões de euros.
Além de apostar nos veículos eléctricos, os investigadores repetem as sugestões: caminhar mais, andar de bicicleta, utilizar os transportes públicos e construir casas mais próximas – tudo ajuda a criar cidades mais saudáveis.