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Para lá do Big Brother: o que é o capitalismo de vigilância?

Shoshana Zuboff criou o termo que foi recuperado recentemente na televisão. Andamos todos a ser controlados, rumo a sermos uma colmeia totalmente interconectada.

O termo foi mencionado várias vezes no domingo passado, na estreia de um programa diferente (e interessante) na RTP, onde todos os participantes naquele aparente debate são actores.

Ao longo da emissão, e no meio de várias ideias importantes – e reais – sobre privacidade, economia ou internet, repetiu-se a alusão ao “capitalismo de vigilância”.

Tal como as outras ideias lançadas para o alegado debate, essa expressão existe mesmo. Foi criada por Shoshana Zuboff.

A famosa socióloga publicou o livro A Era do Capitalismo da Vigilância que, em resumo, defende que está quase a tornar-se impossível construirmos um futuro diferente do futuro que já está a ser programado por nós.

Andamos todos a ser controlados, rumo a sermos uma colmeia totalmente interconectada.

E já não é uma questão do famoso ‘Big Brother’ totalitário; agora há um arquitecto digital omnipresente que opera em função dos interesses do capitalismo da vigilância, com uma constante promessa de uma vida fácil e consumidora.

É o confronto entre o enorme poder das empresas de alta tecnologia e as sociedades e os governos democráticos.

Para Shoshana Zuboff, o “capitalismo da vigilância” é um projecto global de modificação do comportamento. A ideia – ou ameaça – é transformar a natureza humana no século XXI.

Esse capitalismo acumula uma imensa riqueza e poder nos chamados «mercados de futuros comportamentais».

No Expresso, acrescentou: “As empresas começaram a utilizar o capitalismo de vigilância no sector tecnológico para a publicidade, criando estes enormes mercados muito ricos e altamente capitalizados. É um tremendo poder económico”.

“Não estão apenas a acumular ouro ou diamantes, imóveis ou florestas, é uma exploração do ser humano“.

Quanto mais sabem sobre o ser humano, mais podem moldar e controlar. Não só preveem como moldam e controlam o comportamento humano”, alertou, indicando que esta tendência está a criar “não só uma enorme concentração de poder económico, mas também a concentração de novos tipos de poder social e governamental”.

A pergunta que fica é parecida com as questões que fazemos sobre Inteligência Artificial: vamos conseguir controlar a informação e as máquinas, ou vamos ser dominados pela informação e pelas máquinas?

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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