Cientistas descobriram raios com 40 mil vezes a energia da luz visível, mas desconhecem a sua origem: são produzidos por fontes misteriosas, mas que devem estar muito perto de nós.
Estes raios cósmicos consistem em eletrões e respetivos equivalentes de antimatéria, os positrões, e foram observados a energias até 40 teraelectronvolts (TeV), ou seja, 40 000 vezes a energia da luz visível. Foram registados pelo observatório High Energy Stereoscopic System (HESS) na Namíbia.
No entanto, não se sabe o que é que os está a produzir, como escrevem os autores do artigo científico, publicado a 25 de novembro na Physical Review Letters.
Uma vez que os raios perdem energia ao longo da sua viagem pelo espaço, a sua deteção a altas energias significa que são provavelmente provenientes de fontes relativamente próximas da Terra, explica a Live Science.
“Este é um resultado importante, pois podemos concluir que os eletrões de raios cósmicos medidos têm muito provavelmente origem em muito poucas fontes na vizinhança do nosso próprio sistema solar, até um máximo de alguns 1000 anos-luz de distância, uma distância muito pequena comparada com o tamanho da nossa Galáxia”.
Quem o diz é a autora correspondente Kathrin Egberts, chefe da física experimental de astro-partículas na Universidade de Potsdam, na Alemanha, num comunicado publicado na EurekAlert!.
De acordo com a Live Science, os raios cósmicos são partículas de alta energia produzidas pelo Sol, explosões estelares chamadas supernovas, estrelas de neutrões que giram rapidamente chamadas pulsares e outras fontes desconhecidas. Quando os raios alcançam a atmosfera superior da Terra, dividem-se em chuvas de partículas que podem ser detetadas à superfície da Terra.
“Os fluxos muito baixos em TeV maiores limitam as possibilidades de as missões espaciais competirem com esta medição”, afirmou o autor correspondente Mathieu de Naurois, investigador do Centro Nacional Francês de Investigação Científica em Paris, no mesmo comunicado.
“Assim, a nossa medição não só fornece dados numa gama de energia crucial e anteriormente inexplorada, com impacto na nossa compreensão da vizinhança local, como também é provável que continue a ser uma referência para os próximos anos“, conclui o investigador.