O intrigante “planeta algodão doce” tem uma inesperada assimetria

Rachael Amaro / Universidade do Arizona

Ilustração artística do exoplaneta WASP-107 b em órbita à volta da sua estrela hospedeira.

O “planeta algodão doce” está de volta aos holofotes. Com a ajuda do Telescópio Espacial James Webb (JWST), da NASA, uma equipa de astrónomos descobriu novos detalhes atmosféricos do exoplaneta WASP-107b.

O chamado “planeta algodão doce“, que apresenta uma atmosfera inchada devido ao aquecimento de maré, provou mais uma vez ser um assunto intrigante, numa nova investigação que revelou características ainda mais surpreendentes sobre a sua atmosfera.

Recentemente, uma equipa de astrónomos analisou imagens do Telescópio Espacial James Webb (JWST), da NASA, e descobriu que o gigante gasoso do tamanho de Júpiter, mas com apenas um décimo da sua massa, apresenta uma inesperada assimetria leste-oeste na sua atmosfera.

Segundo o EurekAlert, esta é a primeira vez que este tipo de características são observadas num exoplaneta.

“As nossas descobertas anteriores mostraram que WASP-107b está extraordinariamente inchado, quase como se o planeta tivesse estourado como uma pipoca”, explicou o investigador Luis Welbanks.

“Com o JWST, conseguimos obter uma imagem mais clara do que está a acontecer na sua atmosfera em três dimensões”, acrescenta o investigador.

No início do ano, o estudo revelou que WASP-107b tinha um interior significativamente mais quente e um núcleo mais massivo do que o sugerido, graças ao espectro de banda larga que mostrou deteções simultâneas de moléculas portadoras de carbono, oxigénio, nitrogénio e enxofre.

Agora, a reanálise das observações do JWST revelou uma assimetria atmosférica leste-oeste, característica que sugere diferenças nas propriedades entre os dois lados do exoplaneta.

“A fonte é intrigante. Enquanto a nossa análise inicial sugere que as assimetrias podem ser devidas a um lado do planeta ser mais nublado do que o outro, a verdade é que tal também pode estar ligado à forma como o calor é transportado pela atmosfera do planeta“, explicou Line. “É como se um lado do exoplaneta estivesse a cozinhar mais rápido do que o outro.”

Como WASP-107b é sincronizado com a sua estrela, um lado fica sempre de frente para ela, aproveitando a luz do dia constante, enquanto o outro permanece em escuridão perpétua. Esta condição, combinada com a baixa gravidade do planeta, torna WASP-107b um candidato ideal para estudar os processos em atmosferas exoplanetárias.

Neste estudo, os cientistas usaram uma técnica chamada espectroscopia de transmissão, que envolve analisar a luz estelar que filtra pela atmosfera do exoplaneta quando passa à frente da sua estrela.

A alta sensibilidade do JWST permitiu que a equipa isolasse e examinasse separadamente os sinais das bordas leste e oeste da atmosfera.

A atmosfera do WASP-107b, que atinge temperaturas altíssimas, fica localizada numa faixa intermediária entre os planetas do nosso Sistema Solar e os exoplanetas mais quentes conhecidos. Esta peculiariedade torna-o um alvo importante para entender os diversos climas e dinâmicas atmosféricas dos exoplanetas.

O artigo científico foi publicado, este mês, na Nature Astronomy.

ZAP //

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