As plantas presentes nos grandes “poços celestiais” da China beneficiam de enormes reservas de nutrientes – como azoto, fósforo, potássio, magnésio e cálcio – que são escassos noutros ambientes. Há “outra vida” lá em baixo.
Os nutrientes únicos que vivem no fundo de buracos gigantes de florestas da China fazem com que as plantas celestiais desses locais cresçam muito mais depressa do que as suas congéneres que vivem à superfície.
A conclusão é de um estudo publicado recentemente no Chinese Journal of Plant Ecology.
Os tiankeng ou “poços celestiais” são buracos enormes que funcionam como sumidouros naturais que abrigam florestas antigas e possivelmente espécies desconhecidas.
Esses buracos, localizados na paisagem cársica do sudoeste da China, onde a luz solar mal chega, têm cerca de 100 metros de profundidade. Aí, as plantas vivem em ambientes húmidos e sombreados, havendo mesmo “espécies exclusivas”.
Como descreve a Live Science, as plantas existentes cársico beneficiam de grandes reservas de azoto, fósforo, potássio, cálcio e magnésio – facto confirmado pela nova investigação.
No novo estudo, os investigadores recolheram amostras de 64 espécies de plantas dentro e fora do tiankeng no condado de Leye, região chinesa de Guangxi – onde há 30 desses buracos espalhados por 20 quilómetros quadrados.
A equipa mediu o teor de carbono e nutrientes em cada amostra para avaliar as estratégias de absorção de nutrientes e crescimento das plantas em diferentes ambientes.
As plantas do tiankeng demonstraram, de facto, ter menos carbono; mas níveis mais elevados de elementos como cálcio e potássio, azoto e fósforo, apresentando taxas de crescimento superiores.
O carbono é essencial nas plantas, constituindo grande parte das estruturas que retêm água. Contudo, as condições húmidas do tiankeng permitem que as plantas sobrevivam com menos carbono, uma vez que não precisam de conservar tanta água como as da superfície.
Por seu turno, as plantas à superfície apresentaram mais carbono devido à alta intensidade de luz, rápida evaporação da água, solo pobre e maior interferência humana.
Os investigadores concluiram que as plantas dos “poços celestiais” absorvem os nutrientes mais rapidamente do que as plantas de superfície “conservadoras”, uma vez que os nutrientes são mais abundantes nas profundezas sombrias dos sumidouros e porque as plantas precisam de crescer mais alto para apanhar sol.
No fundo, as plantas evoluíram ao longo dos anos para tirar o melhor partido dos recursos disponíveis a fim de crescerem rapidamente para apanhar luz.