A nossa compreensão da comunicação entre anfíbios pode estar a sofrer uma autêntica revolução, após a descoberta de uma característica fascinante das rãs dente-de-sabre.
A estrutura, semelhante a uma glândula, encontrada muito próximo das suas distintas projeções ósseas na mandíbula, pode fazer parte de um sistema de entrega de veneno, semelhante ao das serpentes, mas o estudo publicado na Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences apresenta uma teoria alternativa.
Por estar notavelmente perto dos dentes, os investigadores pensaram inicialmente que “a estrutura semelhante a uma glândula e os dentes poderiam formar um aparelho de veneno semelhante ao encontrado nas cobras”. No entanto, acreditam agora que pode desempenhar um papel na comunicação química, especialmente na reprodução.
As rãs dente-de-sabre já são famosas pelos seus chamamentos vocais, mas a descoberta aponta para utilização de pistas sensoriais adicionais.
Os tecidos semelhantes a glândulas e presentes em ambos os sexos, variam de acordo com o sexo, espécie e estado reprodutivo, o que sugere que as rãs podem usar estas substâncias químicas para atrair parceiros, uma teoria apoiada pela presença de derivados de ácidos gordos voláteis nas glândulas, substâncias tipicamente associadas a feromonas e não a veneno.
“Ambos os sexos de cada espécie têm o seu próprio perfil químico característico e nós até conseguimos identificar se um indivíduo está reprodutivamente ativo ou não,” explicou o autor principal do estudo Marvin Schäfer, citado pelo IFL Science. “Não encontraríamos tal sinal se ele não desempenhasse um papel importante no comportamento reprodutivo destas rãs.”
Thomas Schmitt, líder do grupo de Würzburg envolvido no estudo, sublinha a semelhança destas substâncias com as feromonas de insetos. Os dentes das rãs, antes considerados para defesa, podem na verdade desempenhar um papel nos seus comportamentos reprodutivos e sociais complexos.
As glândulas são mais proeminentes em rãs reprodutivamente ativas e localizam-se sob finas camadas de pele, indicando um sistema sofisticado de sinalização química. Este sistema poderia ser particularmente útil em ambientes ruidosos, onde as vocalizações tradicionais são menos eficazes.
“Este estudo acrescenta uma nova dimensão, abrindo perspetivas completamente novas para entender as complexidades da comunicação das rãs e o seu papel nos seus complexos comportamentos sociais e reprodutivos,” concluiu Rödel.