Domingos Andrade, com um discurso emotivo, disse que não estava à espera desta “destruição de marcas e redações”. E os programas de opinião não eram remunerados.
O ex-diretor da TSF Domingos Andrade afirmou que nunca esperou o que está a acontecer nas redações do grupo Global Media e que se está a assistir “à destruição reputacional de marcas e redações”.
O jornalista falava na comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, no âmbito do requerimento do Bloco de Esquerda (BE) sobre a atual situação da Global Media (GMG), que detém marcas como a TSF, Diário de Notícias (DN), Jornal de Notícias, entre outros.
Na sua intervenção, Domingos Andrade disse não poder “despir de emotividade” perante a atual situação dos trabalhadores do grupo, que enfrenta um processo de despedimento até 200 pessoas.
“O que está a acontecer nas redações é uma gravidade que nunca julguei possível assistir em democracia“, lamentou o jornalista.
“Nós não estamos apenas a assistir ao fim de marcas, estamos a assistir à destruição reputacional de marcas e de redações“, prosseguiu, referindo que isso está a acontecer “partindo a espinha dessas redações pela fome“.
“Não posso deixar de ficar incomodado com a intromissão pura e simples de uma administração no espaço de opinião e de programação de uma rádio como é a TSF”, acrescentou.
Nesse contexto, Domingos Andrade assegurou que não há justificação financeira para a suspensão de programas de opinião na rádio.
“A maior parte da opinião não era remunerada. Nem os programas. Salvo raríssimas exceções”, informou o antigo diretor.
Domingos Andrade apelou a intervenção externa: “Portanto, se há aqui uma intromissão clara, por parte de uma administração, numa linha editorial de um órgão de comunicação social, é preciso que as entidades competentes atuem – e com maior celeridade do que têm atuado nos últimos meses”.
Recorde-se que Domingos Andrade foi afastado da direção da TSF em setembro do ano passado.
A rádio informou entretanto que, na manhã desta quinta-feira, os trabalhadores do GMG receberam o subsídio de refeição de dezembro. Os salários desse mês e o subsídio de Natal não foram pagos.
ZAP // Lusa