Casos de diarreia grave estão a aumentar no Reino Unido (e os cientistas não sabem porquê)

(dr) CDC

O parasita cryptosporidium

O número de casos de criptosporidiose, doença infecciosa transmitida através de água e alimentos contaminados, tem aumentado no Reino Unido.

As infeções provocadas pelo parasita Cryptosporidium, que podem causar diarreia grave e de longa duração, registaram um aumento “sem precedentes e contínuo” em todo o Reino Unido, desde meados de agosto. Só em setembro, foram registados quase 500 casos de criptosporidiose em apenas uma semana.

O principal sintoma da infeção é a diarreia aquosa que pode ser acompanhada de cólicas estomacais, desidratação, vómitos, febre ou perda de peso. As infeções duram, em média, cerca de dez dias, um período muito mais longo se comparado com outras infeções, como a Salmonella.

A criptosporidiose, também conhecida por cripto, é causada pela ingestão inadvertida de matéria fecal. O parasita pode ser transmitido através de alimentos contaminados, de água e do contacto com uma pessoa ou um animal infetado.

Mas, afinal, o que está por trás do atual surto no Reino Unido? Na verdade, segundo Paul Hunter, professor de Medicina na Universidade de East Anglia, as causas não são claras.

Existem várias espécies de Cryptosporidium, sendo que a maioria raramente causa doença nos seres humanos. No entanto, há duas espécies que o fazem: C. parvum e C. hominis.

Esta última causa quase exclusivamente infeções nos seres humanos, enquanto o C. parvum causa infeções em muitos mamíferos, nomeadamente no gado – mas há um subgrupo que evoluiu recentemente para uma forma que só infeta seres humanos.

Uma das explicações apontadas pelos especialistas relaciona-se com o aumento da exposição ao parasita. Cerca de dois terços dos casos de C. hominis recentemente notificados estão relacionados com viagens ao estrangeiro, principalmente a Espanha. Cerca de 80% destes casos referiram ter nadado nos 14 dias que antecederam os seus sintomas.

É verdade que, o nosso país vizinho, nomeadamente as cidades de Tarazona e Saragoça, registaram grandes surtos de criptosporidiose durante o final do verão. Contudo, é duvidoso que um surto numa região de Espanha muito afastada das praias mediterrânicas que a maioria dos turistas procura possa explicar este aumento.

Além disso, esta causa também não explica alguns dos casos de criptosporidiose atualmente registados, uma vez que as viagens ao estrangeiro e a natação foram muito menos frequentes nos casos registados de C. parvum.

Outra explicação plausível para esta vaga é o facto de a nossa imunidade ter baixado na sequência da pandemia de covid-19. Isto significa que o parasita é capaz de infetar mais pessoas do que seria normalmente.

Ainda assim, se a redução da imunidade fosse a única explicação, seria de esperar um aumento do número de casos noutros países europeus – o que não é o caso.

Segundo o professor da universidade britânica, a explicação mais plausível é, na verdade, uma combinação de dois fatores: a redução da imunidade da população e um aumento da contaminação das piscinas, que provocou ainda mais infeções.

Para se precaver, Paul Hunter aconselha a  evitar engolir água enquanto estiver a nadar. Caso tenha sintomas de diarreia, faça exatamente o inverso e evite nadar para proteger os outros banhistas.

 

ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.