Humanos antigos, que chegaram ao sul da Califórnia há aproximadamente 13.000 anos, foram os responsáveis pelos incêndios catastróficos que levaram à extinção de vários mamíferos de grande porte na região.
De acordo com um novo estudo, que analisou fósseis encontrados em depósitos de alcatrão natural em La Brea, na Califórnia, populações de humanos ancestrais foram responsáveis pelos incêndios que dizimaram a mega-fauna Californiana.
O estudo, publicado esta sexta-feira na revista Science, sugere que a chegada destas populações humanas induziu mudanças no ecossistema californiano que provocaram incêndios de grandes dimensões.
Segundo Robin O’Keefe, investigador da Universidade Marshall e autor principal do estudo, uma combinação de clima mais seco, diminuição de herbívoros e incêndios provocados pelo homem criou um ciclo de feedback letal.
De acordo com os investigadores, os hábitos de caça destas populações dizimaram as populações de herbívoros, resultando em excesso de vegetação — com o consequente aumento do risco e severidade dos incêndios florestais.
Recorrendo a novas técnicas de datação por radio-carbono, O’Keefe e a sua equipa dataram 172 ossos de oito espécies encontradas em La Brea.
Sete destas espécies, incluindo o famoso tigre de dentes de sabre e o enorme bisonte antigo, extinguiram-se há cerca de 13.000 anos. Esta linha do tempo de extinção coincide com um aumento dramático em resíduos de incêndios em sedimentos de lagos.
Dados históricos destacam uma mudança significativa na vegetação no mesmo período. Onde paisagens florestais prevaleciam, observou-se um aumento súbito de plantas resistentes ao fogo, indicando incêndios frequentes e intensos.
“As atividades humanas primitivas contribuíram para os surtos de incêndios, tanto de formas diretas como indiretas”, explicou à New Scientist a paleontóloga Allison Karp, investigadora da Universidade Yale que não participou na pesquisa,
O’Keefe alerta que esta percepção histórica é relevante nos nossos dias. Com as tendências atuais de aquecimento global a intensificar os incêndios florestais em todo o mundo, compreender o passado pode oferecer pistas sobre como prevenir extinções em grande escala no presente.