O especialista em polígrafo da CIA acreditava que esperma, iogurte e ovos podiam ler as nossas mentes. As suas experiências foram criticadas por outros cientistas.
Cleve Backster era um especialista norte-americano em polígrafo e antigo agente da CIA, mais conhecido pela sua investigação sobre comunicação vegetal e celular. Fundou a Backster School of Lie Detection em Nova Iorque e trabalhou como instrutor de polígrafo e examinador para agências governamentais e clientes particulares.
Backster também é conhecido pelas suas experiências controversos nas décadas de 60 e 70, nas quais afirmou ter demonstrado que as plantas têm emoções e são capazes de responder a estímulos como pensamentos e sentimentos humanos.
Um teste de polígrafo, tipicamente chamado de teste de detetor de mentiras, consiste numa série de leituras fisiológicas feitas enquanto o sujeito responde a perguntas.
O princípio por trás do polígrafo é que o corpo humano vai reagir de maneiras específicas ao mentir ou a dizer a verdade. Essas mudanças serão então detetáveis pela máquina.
Pressão sanguínea, condutividade da pele, pulso e respiração são alguns dos indicadores analisados, com a expectativa de que o stresse de mentir possa alterar essas métricas.
Para provar a sua teoria de que as plantas podem sentir dor e ter perceções extra-sensoriais, Backster testou o polígrafo numa folha de planta, ligando-a a elétrodos que mediriam qualquer suspeita de “resposta” da planta a estímulos, recorda o IFLScience.
Obviamente as plantas não têm pressão sanguínea ou batimento cardíaco, mas têm condutividades específicas, que podem ser medidas por resistência elétrica.
Ao dar água a uma planta, Backster relatou leituras que se assemelhavam às da pele humana. Incentivado pelos resultados, começou a queimar uma folha e o polígrafo enlouqueceu de uma forma que parecia uma resposta ao stresse.
Eventualmente, as experiências de Backster começaram a ficar fora de controlo. O perito da CIA detetou alterações no teste de polígrafo da planta quando um camarão morreu numa sala ao lado. O especialista argumentou que a planta tinha lido as intenções do humano através de algum tipo de habilidade telepática.
Não satisfeito, Backster experimentou o polígrafo com iogurte, ovos e até mesmo esperma humano. Os resultados foram de encontro à sua teoria: também eles podiam ler mentes.
Segundo o agente da CIA, os espermatozoides eram capazes de detetar mudanças no campo elétrico à volta de uma pessoa e responder a essas mudanças de uma forma que poderia indicar o estado de espírito dela.
Backster alegou ter realizado experiências nas quais ligou um polígrafo a uma amostra de esperma e descobriu que o esperma respondia aos seus pensamentos e emoções, como quando pensava em ferir a amostra ou quando sentia fortes emoções como raiva ou medo.
As suas descobertas foram amplamente desacreditadas pela comunidade científica e não foram submetidas a revisão ou replicação por pares, portanto, a sua validade permanece uma questão de debate.
O famoso programa “Mythbusters” até dedicou um episódio para pôr à prova as teorias de Backster, usando o modelo exato do polígrafo para replicar as suas experiências. Sem grande surpresa, todas falharam.
Grande esgalhado…
“Pressão sanguínea, condutividade da pele, pulso e respiração são alguns dos indicadores analisados, com a expectativa de que o stresse de mentir possa alterar essas métricas.”
Li em alguns livros / artigos que uma das técnicas usadas para passar o polígrafo era ter algo que picasse no sapato e nas primeiras perguntas picar o pé. Isso daria uma reação anormal que depois “normalizaria” o padrão distorcido aquando das mentiras às questões chave. Muitos terão passado o teste do polígrafo deste modo ou com técnicas idênticas. A chave passava sempre por distorcer a reação às perguntas iniciais que penso que são designadas de perguntas de controlo. Alguém que me corrija se estiver errado.