Problemas de habitação só existem em Portugal? Nem por isso

Em Amesterdão, nos Países Baixos, apenas metade das famílias com quatro ou mais pessoas a viver na mesma casa residem em apartamentos de habitação social com espaço suficiente para todos.

Segundo a empresa de habitação social Rochdale, citada pela NL Times, esse número pode ser superior ao conhecido. Espera-se que aumente 25% nos próximos oito anos se não forem feitas alterações, disse a organização à Het Parool.

“A questão não é haver poucas casas grandes, mas sim um desajuste. As casas grandes são frequentemente ocupadas poucos residentes”, disse Pepijn Bakker, diretor de estratégia de Rochdale.

Uma análise da Rochdale constatou que Amsterdão tem uma oferta de mais de 50.000 casas de habitação social com quatro quartos ou mais. Cerca de 14.000 lares com quatro ou mais membros da família qualificam-se para habitação social na capital, mas apenas 7.200 deles vivem numa casa com espaço suficiente.

Das famílias que necessitam de mais metros quadrados, 4.700 vivem numa habitação social demasiado pequena. Isto irá aumentar para 6.000 até 2030, caso não sejam tomadas medidas para contornar o problema.

A juntar à questão, as famílias que ocupam apartamentos de habitação social maiores permanecem frequentemente no espaço, mesmo depois de os filhos crescerem e deixarem a casa, disse Bakker.

“Este é um problema difícil. As pessoas ficam muitas vezes onde estão. Temos de as tentar que fiquem na casa por um período de tempo mais curto: um máximo de 22 anos, ao invés da média atual de 40 anos. Então será mais equilibrado”, explicou.

Bakker disse que o problema é que a disponibilidade, muitas vezes, não corresponde às necessidades. Como resultado, apenas um terço das famílias está disposta a mudar-se para um apartamento menor. Na sua opinião, deviam ser construídas opções mais atrativas para este grupo, com as suas necessidades práticas a serem tidas em conta à medida que envelhecem.

Casas “sem escadas, de cerca de 65 metros quadrados, em vários locais da cidade, para que as pessoas possam continuar a viver no seu próprio bairro. Essas casas raramente são construídas. São quase todos estúdios”, disse Bakker, sublinhando: “essas não são alternativas razoáveis”.

Além disso, os residentes da capital querem frequentemente permanecer em bairros familiares da sua cidade natal. “A migração para fora da cidade já foi atrativa porque Amesterdão não era uma cidade agradável na altura. Agora, veem-na como um lugar ideal para viver”, declarou.

Sem a habitação social que se adapta às necessidades da população, as famílias maiores permanecerão em espaços apertados. Isto atrofia o desenvolvimento das crianças, que podem sofrer de mais stress ou que não conseguem encontrar um lugar tranquilo para fazer os trabalhos de casa.

As crianças mais velhas são mais propensas a ficar na rua, sem acesso a um espaço pessoal em casa. Além disso, ter demasiadas pessoas numa casa demasiado pequena pode levar a problemas de saúde causados pelo bolor.

ZAP //

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