“Acabe com as quedas para a desgraça” é o tema da campanha lançada pela Associação para a Promoção da Segurança Infantil, que alerta para o problema das quedas nas crianças, que causaram 109 mortes nos últimos 14 anos.
“Estamos a falar de uma causa de morte importante”, disse à Lusa a presidente da Associação para a Promoção da Segurança Infantil (APSI), Sandra Nascimento, lembrando as mais de 100 crianças e jovens que morreram vítimas de uma queda e as 60.500 que tiveram de ser internadas neste período.
Um estudo divulgado pela APSI refere que “as quedas são a maior causa de idas às urgências e de internamentos, representando 4% das mortes acidentais com crianças e jovens” em Portugal.
Adianta ainda que 30% das mortes (em que a origem do acidente é conhecida) resultaram de quedas de alturas elevadas de edifícios e outras construções, nomeadamente de janelas e varandas sem proteção adequada, tendo a maioria das vítimas menos de nove anos.
Com esta campanha de sensibilização, a associação pretende atingir “públicos distintos”, como as famílias e os professores mas também projetistas, construtores, o poder local e central.
Pretende informar as famílias para que “possam avaliar se as suas varandas, as suas janelas, os seus terraços estão devidamente protegidos”, mas também “quem projeta e quem constrói” para que adote “as melhores práticas de construção no sentido de que as casas, as escolas, os edifícios possam ser seguros para a criança”, explicou Sandra Nascimento.
“Estamos a falar de aspetos de construção dos edifícios e das habitações que ainda não são devidamente acautelados”, disse Sandra Nascimento.
A Organização Mundial de Saúde refere que seria possível, através da criação de ambientes e de produtos seguros, evitar em cerca de 90% as mortes na Europa, onde anualmente morrem 1.500 crianças e jovens até aos 19 anos na sequência de uma queda.
“Já há medidas que comprovadamente podem reduzir a ocorrência deste tipo de acidentes”, que ocorrem mais em casa e na escola, mas o que aparentemente acontece é que existe “falta de conhecimento” de quais os requisitos que uma construção deve ter para “ser segura na proteção contra as quedas”.
“Muitas vezes o desenho da guarda convida a criança a trepar ou porque é horizontal, ou muito baixa, ou tem pontos de apoio onde a criança pode pôr o pé. Basta a criança conseguir trepar e espreitar para rapidamente se desequilibrar e cair”, advertiu.
A campanha será divulgada na rádio, na televisão, na imprensa, nos transportes públicos e os conselhos de segurança estão disponíveis no site da APSI e num folheto distribuído nas farmácias e em revistas.
/Lusa