Quem se aborrece mais vezes aumenta risco de depressão. Mas o que pode matar são as actividades anti-aborrecimento.
“Ai… Estou aborrecido. Não quero fazer isto. Ou melhor, nem estou a fazer nada. Mas também não sei o que quero fazer”.
Se o leitor do ZAP nunca passou por esta situação, ou uma semelhante, pertence a um grupo restrito.
O aborrecimento é frequente. Chateia, irrita.
Irrita sobretudo quando sabemos que não queremos fazer o que estamos a fazer; mas não sabemos qual é a alternativa.
Podemos estar numa rotina sempre igual, todos os dias, no emprego. Ficamos aborrecidos.
Podemos estar a ouvir uma pessoa amiga, a contar uma história brilhante e maravilhosa – só para ela, porque para nós está a ser um aborrecimento e queremos é sair dali.
Irrita quando estamos parados, sem nada para fazer – e também não temos iniciativa de fazer algo.
O tempo passa mais devagar e não encontramos uma forma divertida, ou útil, de passar esse tempo. Não temos entretenimento para nós próprios.
Há especialistas que defendem que essa aparente desaceleração do tempo é uma espécie de sinal que o nosso cérebro envia. Um aviso: o que estás a fazer não te satisfaz. Muda.
O neurocientista Christian Jarrett escreveu na revista da BBC, Science Focus, que o aborrecimento até pode ser benéfico para a criatividade e para a resolução de problemas (uma pausa para reflectir), mas também pode ser muito frustrante.
E torna-se mais preocupante para as pessoas que se aborrecem muito frequentemente, que produzem menos dopamina no cérebro.
Não mata, pelo menos directamente, tal como Luis Villazon avisou. Mas o comportamento relacionado com este estado espírito pode criar problemas.
O maior problema não é o próprio tédio, mas sim as tentativas de combater o tédio: desportos perigosos, relações sexuais com muitas pessoas, álcool, drogas… É um alívio temporário e superficial que pode terminar mal.
Isso sim, pode originar falecimento. Mas morre-se por causa do aborrecimento ou por causa da rotina anti-aborrecimento?
Para evitar esses problemas extremos, o melhor é encontrar actividades, passatempos, tarefas que nos façam sentido, que tragam significado à nossa vida e que misturem desafio e novidade.