Porque é que fizemos o questionário para saber qual era a personagem do Spongebob que representava a nossa personalidade? E porque é que clicamos no artigo “então e agora” sobre os atores de uma série?
A verdade é que o “clickbait” nos apanha a todos. Mas como é que funciona? E quando é que resulta melhor?
Investigadores alemães publicaram a análise de milhares de publicações no Facebook na revista PLOS ONE, a 29 de junho. A investigação explora o impacto do “clickbait” e do “empurrão digital” nas notícias online.
“O clickbait que serve para fazer as pessoas clicarem num artigo é normalmente utilizado nas redes sociais”, escreveram os investigadores.
“Analisamos o impacto do clickbait e a interação dos utilizadores no Facebook sob a forma de gostar, partilhar e comentar. Para isso, utilizamos um conjunto de dados de mais de 4.000 mensagens do Facebook, de 10 fontes de notícias diferentes, para analisar como o clickbait nos títulos e no texto das mensagens influencia o envolvimento dos utilizadores”, acrescentaram os especialistas.
“Enquanto o clickbait é normalmente utilizado, o empurrão digital continua a aumentar, e é semelhante ao clickbait — embora seja essencialmente diferente na sua natureza. O estudo discute este terreno comum”, sublinham.
Os alemães analisaram mensagens de sete dias consecutivos, no final de 2017, de 10 páginas do Facebook dos Estados Unidos e do Reino Unido. A equipa incluiu meios de comunicação consideradas “respeitáveis” e “tabloide”.
Os autores procuraram compreender como as tendências específicas de clickbait, tanto nos títulos como nos textos das publicações no Facebook, influenciam o envolvimento dos utilizadores, segundo noticia a Cosmos Magazine.
Deste modo, analisaram partilhas, comentários e reações. No entanto, não puderam analisar os cliques das mensagens, uma vez que a informação não estava disponível no seu conjunto de dados.
O que funciona e o que não funciona?
A pontuação considerada “invulgar” — tal como um ponto de exclamação após reticências (…!) — registou até 2,5 vezes mais reações nos títulos, partilhas e comentários. No entanto, verificou-se uma diminuição de reações quando estavam incluídas no texto da publicação.
Apesar deste veredito sobre a pontuação, os títulos ou o texto da publicação com perguntas não mostraram um aumento nas interações.
Palavras maiores no título provocaram uma redução das interações, enquanto as palavras mais longas no texto da publicação equivalem a mais reações.
O aumento do número de palavras num título apresentava 23,7% menos comentários, mas nenhuma diferença nas reações ou partilhas. O oposto foi visto nas publicações com o dobro do texto, que registaram mais interações.
O estudo encontrou frases comuns de clickbait como “isto vai dar cabo da sua mente” que registaram cerca de 25% menos reações, partilhas e comentários.
A formulação negativa nos textos das publicações (“Não vai acreditar”) pode aumentar os comentários, mas o tom positivo dos títulos aumenta os comentários.
Agora, quando clicarmos numa galeria de 50 páginas para ver uma imagem desfocada de uma cobra pequena com o título “A MAIOR COBRA DO MUNDO É MAIOR DO QUE ALGUMA VEZ IMAGINA”, já sabemos o porquê.
Este título “É” Clickbait!!! Oh the irony 😀