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Jornal “forçou” actriz a revelar orientação sexual. Depois pediu desculpa

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Rebel Wilson revelou na sexta-feira que tem uma namorada. Porque sabia que, no dia seguinte, um jornal ia publicar essa novidade.

“Eu pensava que estava à procura de um príncipe da Disney…mas provavelmente o que eu precisava mesmo era de uma princesa da Disney”.

A frase foi publicada por Rebel Wilson e foi a forma que a actriz escolheu para revelar que tem uma namorada.

Só essa publicação no Instagram seria suficiente para preencher muitos meios de comunicação social.

Porque estamos em 2022 mas – ainda – estamos numa fase em que se usa o verbo “assumir” para abordar a homossexualidade de alguém. Sobretudo quando está em causa uma figura pública.

Mas este caso tem algo mais.

A australiana de 42 anos publicou na sexta-feira a tal imagem com a sua namorada (Ramona Agruma) porque sabia que, no dia seguinte, um jornal ia publicar um artigo sobre essa relação – que ainda era “secreta”.

E publicou. O jornal The Sydney Morning Herald indicou no sábado que já sabia sobre esta relação antes de a mesma ter sido anunciada pela actriz.

O protagonista da história começa então a ser Andrew Hornery, especialista em jet-set, que no sábado escreveu que a actriz optou por “capitalizar a história” a seu favor, depois de ter sido contactada pelo jornal.

“A sua escolha de ignorar as nossas perguntas discretas, genuínas e honestas foi, na nossa opinião, decepcionante”, lê-se no artigo de sábado.

Começaram a surgir insinuações de pressão sobre a actriz. Primeiro, a direcção do jornal negou qualquer pressão mas, nesta segunda-feira, Andrew Hornery publicou uma espécie de confissão.

O e-mail com o prazo apertado

Num texto de opinião, no mesmo The Sydney Morning Herald, o colunista relata o que aconteceu.

Nos últimos meses, Andrew apercebeu-se de que Rebel e Ramona apareciam juntas em diversos eventos. Por isso, tentou ter um comentário da actriz sobre o assunto mas falhou: “Errámos em alguns passos na nossa abordagem”.

A sua coluna semanal é publicada ao sábado. Andrew escreveu um e-mail na quinta-feira de manhã, pedindo comentários da actriz sobre a sua relação.

E avisou: “Não houve anúncio oficial mas tenho várias fontes que confirmam essa relação e tenho detalhes suficientes para publicar. No entanto, em nome da transparência e da justiça, antes de publicar, entro em contacto com a Rebel. O meu prazo é sexta-feira, às 13h”.

Ou seja, o colunista só deu pouco mais de 24 horas para a actriz reagir. Quer respondesse ou não, a novidade seria anunciada no jornal.

Rebel não respondeu; e continua sem dizer se esse e-mail do jornal teve influência na sua publicação.

“O meu e-mail nunca teve a intenção de ser uma ameaça. Só queria deixar claro que as informações que eu tinha me davam confiança suficiente para iniciar uma conversa com ela. Mas entendo porque o meu e-mail foi visto como uma ameaça. O enquadramento foi um erro e o jornal e eu vamos abordar as coisas de forma diferente, a partir de agora”, escreveu Andrew Hornery.

“Seria pior escrever artigos de fofoca sem que as figuras públicas tivessem a oportunidade de dar a sua opinião. Mas precisamos de deixar claro que um prazo não é um ultimato”, acrescentou o colunista, que admite: “Eu estava errado. A minha decepção lançou uma sombra sobre o artigo. Não foi justo e peço desculpa”.

O jornal The Sydney Morning Herald apagou o artigo do sábado passado e substituiu-o por este pedido de desculpas.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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