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Escutas da Operação Cartão Vermelho revelam que ex-gestor do Novo Banco se opôs ao “saque” ao Fundo de Resolução

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António Cotrim / Lusa

Vítor Fernandes considerou pouco ético o pedido de 147,5 milhões de euros do Novo Banco ao Fundo de Resolução para cobrir o impacto da venda da sucursal em Espanha.

Segundo avança o Público, Vítor Fernandes, o ex-gestor do Novo Banco que foi apanhado nas escutas da Operação Cartão Vermelho, opôs-se àquilo que descreveu  como um “saque ao fundo” por parte de António Ramalho.

Em causa está a tentativa do Novo Banco de imputar ao Fundo de Resolução o custo do desinvestimento da operação em Espanha, ao abrigo do mecanismo de capital contingente previsto na venda do banco ao Lone Star.

O pedido era de 147,5 milhões de euros e Vítor Fernandes acreditava que levantava dúvidas éticas, apesar de ser legal. O requerimento acabou por ser feito, mas os valores ainda não foram pagos porque estão em análise num Tribunal Arbitral.

O comentário de Fernandes surgiu numa conversa telefónica informal com Rui Fontes, actual executivo do Novo Banco e braço direito do presidente, a 21 de Julho de 2021, numa altura em que a instituição pediu uma nova injecção de dinheiro público do Fundo de Resolução de cerca de 600 milhões de euros.

Apenas 429 milhões de euros foram aprovados e destes seriam retidos ainda 112 milhões para a verificação contabilística. Fernandes e Fontes conversaram sobre os restantes 169,3 milhões que o Fundo se recusou a transferir para o Novo Banco, com um destaque especial para os 147,5 milhões relativos à operação em Espanha.

A venda só foi feita em meados de 2021, mas o Novo Banco tentou que o seu impacto negativo nas suas finanças fosse tido em conta nos números do ano anterior, de forma a ser coberto pelo Fundo de Resolução.

Vítor Fernandes perguntou a Rui Fontes se já tinham recebido “parte da massa” do  e se estavam satisfeitos, ao que o administrador respondeu que sim, mas criticou a decisão do Fundo de Resolução de não pagar o valor inteiro pedido, dizendo que “não cabe na cabeça de ninguém”.

Os dois falaram depois da venda da sucursal em Espanha e entraram em desacordo, com Fernandes a dizer que mesmo que o pedido seja legal, não era ético e que se tratava de um “saque ao fundo”. Rui Fontes discordou, dizendo que o processo era o “normal course of business” e que sem a venda em Espanha, o processo de reestruturação seria interrompido durante um ano.

Recorde-se que Vítor Fernandes deixou o Novo Banco em Outubro de 2020 após desentendimentos com António Ramalho. Chegou a ser proposto para gerir o Banco de Fomento, mas a nomeação foi travada.

ZAP //

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1 Comment

  1. Como é possível, parecem escolhidos a dedo!, mas não há gente séria neste pais!? Não há ninguém que defenda o erário publico, sinto-me tão triste ler noticias destas!

    Precisamos mesmo de um D. Sebastião..

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