A ideia era ser uma simples camisola infantil inspirada no Velho Oeste, mas, para muitos, a peça da Zara fazia lembrar demasiado o uniforme usado pelas vítimas do Holocausto.
A empresa tirou a camisola de circulação e tem apresentado desculpas, individualmente, através do Twitter, aos clientes que se mostraram indignados com a situação.
“A peça já não está à venda. A roupa foi inspirada nas indumentárias dos filmes clássicos do Velho Oeste, mas reconhecemos agora que o design pode ser visto como insensível e pedimos desculpas sinceramente se tivermos ofendido os nossos consumidores.”
A camisola com listas azuis e brancas foi criada para crianças de até três anos e tinha uma estrela amarela de seis pontas no peito, onde se pode ler a palavra “Sheriff” em letras douradas.
No entanto, ao verem a peça no catálogo online da empresa – a camisola estava à venda no site britânico da marca e em algumas lojas outlet da Zara na Dinamarca, Israel, França, Albânia e Suécia -, muitos utilizadores de redes sociais acharam que a estrela se parecia demasiado com as que os judeus dos territórios ocupados pelos nazis eram obrigados a usar.
Se à estrela somarmos as riscas, semelhantes às dos uniformes das prisões, a ligação com o Holocausto tornou-se inevitável.
“Qualquer que fosse a intenção da Zara, muitas pessoas ficaram chocadas por esta ideia ter saído do papel”, diz Mark Gardner, do Community Security Trust, um grupo da comunidade judaica que regista incidentes de antissemitismo.
Falta de noção
Esta não foi a primeira vez que a Zara vendeu um artigo polémico.
Em 2007, a marca retirou de circulação uma carteira que tinha uma suástica verde sobre um sol vermelho.
Mas a Zara, que pertence à empresa espanhola Inditex, não foi a única empresa de moda a cometer este tipo de erro.
Há dois anos, a Urban Outfitters divulgou um protótipo de uma camisola com uma estrela parecida com a usada pela Zara.
Outras marcas de calçados também já ofenderam consumidores em ocasiões diferentes.
Em 2002, a Umbro desculpou-se por dar a um novo modelo de sapatilhas o nome Zyklon, nome do gás usado nos campos de concentração.
A Adidas fez o mesmo após lançar um par de sapatilhas com acessórios que se pareciam com os grilhões usados por escravos.
Também a Nike admitiu o erro depois de dar a um par de sapatilhas de uma edição comemorativa do Dia de São Patrício, um dos padroeiros da Irlanda, o nome de “Black and Tans” – o nome das forças britânicas enviadas para a Irlanda após a Segunda Guerra Mundial, que ficaram conhecidas pela sua brutalidade contra civis.
ZAP / BBC