Greve nas escolas pode ser prolongada para a próxima semana

Paulo Novais / Lusa

A greve nacional dos profissionais de educação poderá continuar na próxima semana, revelou na sexta-feira o representante do sindicato que convocou a paralisação destinada a “proteger quem se sinta inseguro em regressar às escolas”.

Terminou a semana de greve convocada pelo Sindicato de Todos os Professores (S.TO.P), que tinha como principal objetivo permitir aos trabalhadores que fossem chamados para as escolas de acolhimento recusar-se a ir trabalhar “caso sentissem que a sua saúde estava em perigo por falta de condições dos estabelecimentos de ensino”, contou à Lusa o coordenador do sindicato.

André Pestana revelou que, durante o fim de semana, o sindicato vai ponderar prolongar a greve para a próxima semana, tendo em conta “os inúmeros pedidos de trabalhadores” para que se mantenha.

Tendo em conta as novas variantes do vírus e o facto de a maioria dos profissionais escolares serem um grupo envelhecido, a greve é uma “ferramenta que protege quem se sente inseguro em ir trabalhar para a escola”, explicou.

André Pestana admitiu que na grande maioria das cerca de 700 escolas de acolhimento “tem imperado o bom senso” no momento de selecionar quem deve ir trabalhar presencialmente.

No entanto, diz ouvir relatos de “colegas que continuam a ser chamados para ir trabalhar em escolas que não estão preparadas, porque não há separadores entre alunos e professores ou porque consideram que a higienização dos espaços é insuficiente”.

O sindicalista diz ser difícil fazer um balanço da primeira semana de greve. “Esta greve é diferente de todas as outras, porque não pretende parar escolas ou suspender o ensino à distância, serve sim para dar uma ferramenta e salvaguardar esse direito dos trabalhadores”, sublinhou André Pestana, considerando que basta terem aderido “10 ou 20 pessoas para já ter valido a pena”.

O protesto tem também como objetivo alertar para outros problemas, como a falta de equipamentos para o funcionamento do ensino à distância, professores que estão em casa a dar aulas online com filhos menores ou o facto de os docentes “serem considerados essenciais e manterem-se a trabalhar nas escolas mas depois não terem direito a integrar os grupos de vacinação”.

Cerca de 1,2 milhões de alunos do pré-escolar ao 12.º ano voltaram a ter aulas na segunda-feira, agora através de ensino à distância, como aconteceu no ano passado.

Fenprof contra vagas para progressão na carreira

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) lançou na sexta-feira um abaixo-assinado contra o regime de vagas para progressão da carreira docente, afirmando que essa limitação fez disparar o número de professores retidos nos 4.º e 6.º escalões.

“A progressão na carreira docente depende, por norma, da verificação de três requisitos”, começa por referir a Fenprof em comunicado divulgado esta sexta-feira, acrescentando que, no entanto, o acesso aos 5.º e 7.º escalões depende da obtenção de vaga.

De acordo com a Fenprof, em 2019 o número de docentes retidos nos 4.º e 6.º escalões ascendeu aos 2.158 e no ano passado, apesar de uma ligeira redução, houve ainda 2.021 professores impedidos de subir de escalão.

Comparativamente a 2018, ano em que ficaram retidos nesses escalões 534 docentes, o número de docentes impedidos de progredir mais do que quadruplicou em apenas um ano e em relação a 2020, o aumento acumulado foi de 378,46%.

“As vagas constituem, no seu conjunto, um constrangimento administrativo destinado a dificultar a progressão, impedindo a maioria dos docentes de atingir os escalões superiores”, escreve a Fenprof, apontando o dedo ao ministro da Educação.

A Fenprof refere ainda que na região autónoma dos Açores não existem constrangimentos administrativos à progressão na carreira docente e na Madeira, por outro lado, o número de vagas tem vindo a ser igual ao de candidatos à progressão.

“Constituindo uma discriminação para os docentes em exercício de funções no continente, a existência de vagas para progressão prejudica fortemente o clima de trabalho nas escolas, acentuando o mal-estar e o desgaste pessoal e profissional e a falta de atratividade da profissão docente”, sublinham.

No abaixo-assinado, a Fenprof pede a revogação do regime de vagas e, por outro lado, a fixação imediata do número de vagas para progressão aos 5.º e 7.º escalões, correspondente ao número de candidatos.

ZAP // Lusa

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