Um novo estudo apresenta uma nova forma de prever terramotos. Através da análise de rochas posicionadas de forma instável é possível recolher dados geológicos empíricos que validam, e melhoram os modelos incertos de risco de terramoto, permitindo perceber com maior precisão o que pode acontecer no futuro a nível sísmico.
Em muitas regiões de todo o mundo podem ser observadas rochas que estão posicionadas de forma instável. Estas formações geológicas formam-se quando rochas mais frágeis sofrem entrem no processo de erosão, e deixam as rochas mais duras e resistentes para trás. Podem também formar-se quando acontecem deslizamentos de terra.
Apesar do seu posicionamento não as sustentar com grande equilíbrio, muitas rochas deste tipo – como é o caso de Brimham Rocks em Yorkshire, ou o Monumento Nacional Chiricahua no Arizona – sobreviveram a vários terramotos ao longo de milhares de anos.
Através da análise de dados geológicos antigos de rochas instáveis na California, os investigadores do Imperial College London descobriram uma nova técnica para aumentar a precisão (49%) da probabilidade de acontecerem terramotos.
Este novo método permite aos especialistas perceber qual a probabilidade de acontecerem futuros terramotos num determinado local. As rochas, que se caraterizam pela sua instabilidade, ajudam os engenheiros a perceber se podem avançar com construções de estruturas como pontes, barragens e edifícios.
Os resultados obtidos pela equipa de investigadores foram publicados no dia 1 de outubro de 2020, na AGU Advances.
Anna Rood, autora principal do estudo, explicou que “esta nova abordagem pode ajudar a descobrir quais são as áreas que têm maior probabilidade de sofrer um terramoto.
As rochas podem ser tidas como sismógrafos inversos, que analisam o historial sísmico da região e nos indicam o limite superior de terramotos anteriores que fez com que as rochas não caíssem”.
Até à data desta descoberta, as estimativas de risco de terramotos eram calculadas através da análise de fatores como a proximidade de linhas de falha e o quão ativa foi uma região a nível sistémico no passado. No entanto, as estimativas para terramotos mais raros, como alguns que ocorreram há milhares de anos, são extremamente incertas devido à falta de dados sísmicos.
Para explorar a sismologia do passado, os investigadores decidiram determinar a fragilidade e a idade das rochas num local próximo à Usina Nuclear Diablo Canyon, na costa da California. Os geólogos contaram o número de átomos de berílio raros formados nas rochas por exposição de longo prazo aos raios cósmicos, para assim determinarem há quanto tempo as rochas existiam.
De seguida a equipa usou um software 3D para recriar digitalmente as rochas e calcular a quantidade de terramotos que estas ainda eram capazes de aguentar, até acabarem por cair. A idade e a fragilidade das rochas foram comparadas com as estimativas de risco atuais.
Os investigadores descobriram assim que combinar os cálculos com os modelos agora existentes, reduziu a incerteza das estimativas de risco de terramoto na região em 49%. A análise também permitiu inferir que as rochas podem ser preservadas na paisagem durante mais do dobro do tempo que se julgava ser possível.
Agora, e de acordo com o SciTechDaily, a equipa está a usar as novas técnicas para calcular a probabilidade de risco de terramotos no sul da Califórnia – uma das regiões mais perigosas, a nível sísmico, dos EUA.