Os cientistas descobriram que, como têm dois úteros, estes marsupiais podem conceber uma nova cria antes de darem à luz a outra que já carregam.
O Wallabia bicolor, que vive no leste da Austrália, acabou de levar o sistema reprodutivo para outro nível, depois de os cientistas descobrirem que as fêmeas podem estar grávidas durante toda a sua vida adulta.
Estas fêmeas são a única espécie que consegue engravidar quando já se encontra grávida, avança o National Geographic. Isto porque os marsupiais — não só o Wallabia bicolor, como também o canguru, têm dois úteros, cada um com o seu ovário e colo do útero.
Além disso, esta capacidade também está relacionada com o seu sistema endócrino. As hormonas que nutrem um feto em desenvolvimento são diferentes daquelas que normalmente permitem a implementação de um óvulo fertilizado após o acasalamento.
De acordo com Brandon Menzies, um dos autores do estudo publicado na revista PNAS, ainda não se sabe ao certo como é que isto acontece, mas é certo que acontece.
O ciclo começa quando uma fêmea acasala, imaginemos, em janeiro ou fevereiro. Já grávida do ano anterior, dá à luz um ou dois dias depois, e esse bebé vai para a famosa bolsa destes animais. O embrião recentemente fertilizado, conhecido como blastocisto e constituído por cerca de 80 a 100 células, permanece no útero, adormecido, numa fase chamada “diapausa embrionária”.
Enquanto isso acontece, o primeiro bebé continua a mamar e a desenvolver-se na bolsa. Por volta de setembro, essa mesma cria está pronta para deixar a bolsa e, com o passar do tempo, começa a precisa de mamar menos.
Por volta de dezembro, este bebé deixa definitivamente de mamar, o que inicia o crescimento do embrião inativo e, um mês depois, nasce. Naquele momento, a fêmea ovulou e acasalou novamente.
Os investigadores chegaram a estas conclusões ao realizar testes ultrassom em dez W. bicolor em cativeiro. A equipa tirou fotografias às fêmeas em vários momentos do ano e observaram quando acasalavam.
Os cientistas observaram a presença de um blastocisto adormecido em nove dos dez animais após o acasalamento, e enquanto o segundo bebé já estava a amamentar na bolsa da mãe.
“Embora pareça exigente para a fêmea estar permanentemente grávida, na maioria das vezes este pequeno embrião está sentado no útero, não consumindo quase nenhum recurso, e, de facto, não tenho a certeza se esta sabe que está grávida”, diz Menzies ao Science Alert.
Para além deste marsupial, o único outro mamífero capaz de ter gestações simultâneas em diferentes estágios de desenvolvimento é a lebre-comum (Lepus europaeus). No entanto, segundo a National Geographic, com a diferença que estas lebres têm épocas de reprodução distintas e não ficam continuamente grávidas durante quase toda a vida adulta.