Médico é suspeito de envenenar pacientes para se tornar no herói que salva-vidas

Um conceituado médico anestesista francês é suspeito de ter envenenado 24 pacientes durante cirurgias com o propósito de os reanimar, logo que as complicações se instalavam, para surgir como o herói da situação. Nove dos doentes acabaram por morrer.

Frederic Pechier, um anestesista de 47 anos, já tinha sido acusado, em 2017, em 7 casos suspeitos de envenenamento. Mas foram agora adicionadas novas suspeitas contra o médico que surge como arguido num total de 24 situações.

O Ministério Público (MP) francês suspeita que o anestesista que trabalhava em duas clínicas privadas, adulterava o equipamento médico para que os colegas administrassem níveis demasiado elevados de anestésicos locais ou de potássio a pacientes com idades entre os 4 e os 80 anos.

Durante as pequenas cirurgias, esses pacientes entravam em paragem cardíaca devido aos perigosos índices das substâncias referidas. Era então que Pechier intervinha para os salvar e mostrar a sua competência médica.

Esta é a teoria do MP francês enquanto Pechier assegura a sua inocência. Pouco depois de ser constituído arguido, desmentiu as acusações em declarações à imprensa local citadas pela revista francesa Le Point.

“Sob o pretexto da adrenalina, como se já não tivesse suficiente, divertia-me a injectar produtos tóxicos às pessoas para depois as reanimar? É completamente absurdo“, salienta Pechier assumindo que, independentemente de ser condenado ou não, a sua reputação está irremediavelmente estragada.

“Qualquer que seja o desfecho de tudo isto, a minha carreira terminou. Nunca mais vou poder trabalhar onde quer que seja. Não se pode confiar num médico que, a dado momento, tem o rótulo de envenenamento. Isso vai ficar para o resto da minha vida”, frisa o anestesista que, contudo, promete “ir à luta”.

Casado com uma cardiologista, com quem tem duas filhas, Pechier era um médico reconhecido pelo seu trabalho – o “anestesista estrela de Besançon”, como o define a Le Point. Agora arrisca uma pena de prisão perpétua.

O magistrado do MP, Etienne Manteaux, salienta, em conferência de imprensa, que Pechier era o “denominador comum nestes eventos indesejáveis graves” que ocorreram e que se encontrava “muito frequentemente” perto da sala de operações quando a condição dos pacientes piorava.

Além disso, agia de imediato no decurso dos problemas, “mesmo quando nada fazia ninguém suspeitar de uma overdose de potássio ou de anestesia local”, sustenta Manteaux.

O magistrado também aponta que os envenenamentos deixaram de acontecer depois de o médico ter saído das clínicas envolvidas, em Março de 2017.

Entretanto, há suspeitas de que Pechier possa estar implicado noutros incidentes médicos.

O médico, que está interditado de exercer a sua profissão, aguarda julgamento em liberdade, mas o MP vai recorrer em defesa da sua prisão preventiva.

SV, ZAP //

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