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Mistério da epidemia de cólera no Iémen resolvido

A fonte mais provável da epidemia de cólera no Iémen foi, finalmente,  descoberta: veio da África Oriental e entrou no país devido à migração.

Cientistas do Instituto Wellcome Sanger e do Institut Pasteur estimam que a cólera causadora do atual surto no Iémen – o pior surto de cólera da História – veio da África Oriental e entrou no país graças à migração.

Os resultados da investigação, publicados na Nature, mostram que dados e tecnologias genómicos, como o sequenciamento, podem estimar os futuros surtos de cólera em regiões como o Iémen, além de poderem ser usados para melhor direcionar as intervenções dos profissionais e minimizar as consequências.

A população do Iémen passou por dois surtos de cólera: o primeiro ocorreu entre setembro de 2016 e abril de 2017 e o segundo começou no final de abril de 2017.

Para entender a natureza da bactéria por trás dos surtos devastadores de cólera, os investigadores sequenciaram os genomas do Vibrio cholerae de amostras de cólera recolhidas no Iémen e em regiões próximas.

Os cientistas compararam essas sequências genómicas com uma coleção global de mais de 1000 amostras de cólera da pandemia atual e em curso, conhecida como a sétima pandemia de cólera, que começou na década de 1960 e é causada por uma única linhagem de V. cholerae, chamada 7PET.

Os investigadores descobriram que a cólera causadora da epidemia do Iémen está relacionada com uma estirpe observada pela primeira vez em 2012, no sul da Ásia, que se espalhou globalmente. No entanto, a estirpe iemenita não chegou diretamente do sul da Ásia ou do Oriente Médio.

Antes de aparecer no Iémen em 2016, a estirpe estava a circular e a causar surtos na África Oriental entre 2013 e 2014. “Descobrimos que a tensão da cólera por trás da epidemia devastadora e contínua no Iémen está provavelmente ligada à migração de pessoas da África Oriental”, disse Nick Thomson, do Wellcome Sanger Institute, citado pelo MedicalXpress.

Saber como é que a cólera se move globalmente dá a oportunidade aos especialistas de se prepararem para surtos futuros. Esta informação pode ajudar a estudar estratégias mais eficazes para intervenções direcionadas com o objetivo de reduzir o impacto de futuras epidemias.

Contrariamente às teorias anteriores de que os dois surtos de cólera no Iémen foram causados ​​por duas estirpes diferentes, este estudo revelou que foram causados ​​pela mesma estirpe da bactéria Vibrio cholerae que entrou no país em 2016.

Daryl Domman, cientista do Wellcome Sanger Institute, revelou ainda que “surpreendentemente, descobrimos que a cólera causadora dos surtos do Iémen é menos resistente aos antibióticos do que as estirpes relacionadas”.

“A estirpe que causa a epidemia iemenita de cólera eliminou quatro genes responsáveis ​​pela resistência a antibióticos clinicamente relevantes, tornando-se mais vulnerável ao tratamento”, explicou.

ZAP //

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