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Cientistas explicam como o tórrido Mercúrio pode manter glaciares

Uma equipa de investigadores das universidades de Maine e Brown, nos Estados Unidos, modelou os processos que levaram à glaciação dos pólos com crateras de Mercúrio, o planeta mais próximo do Sol.

O estudo concentrou-se na acumulação e no fluxo de gelo existente em Mercúrio, com depósitos localizados em crateras permanentemente sombreadas perto dos pólos e visíveis a partir de um radar baseado na Terra. Estes dados foram posteriormente comparados com os depósitos glaciais existentes na Terra e em Marte.

As descobertas, publicadas esta semana na revista Icarus, contribuem para compreender como é que as acumulações de gelo em Mercúrio – que se estima ter menos de 50 milhões de anos e até 50 metros de espessura em alguns pontos – podem ter mudado ao longo do tempo. Mudanças registadas nas folhas de gelo servem como indicadores climáticos.

Tal como a Lua, Mercúrio não tem uma atmosfera que produz neve ou gelo que possa explicar os seus glaciares. As simulações da equipa liderada por James Fastook, cientista do Instituto de Mudanças Climáticas da Universidade do Maine, sugerem que o gelo existente no planeta foi depositado, provavelmente como resultado de um cometa rico em água ou então devido a outro evento de impacto. 

Depois do fenómeno de deposição, Mercúrio permaneceu estável, com pouca ou nenhuma velocidade de fluxo de gelo. Apesar da enorme diferença temperatura registada entre os glaciares sombrios e as regiões adjacentes iluminadas pelo Sol, os cientistas acreditam que seja este o motivo que mantém os glaciares no tórrido planeta.

Uma das principais ferramentas científicas utilizadas pela equipa foi o UMISM (Modelo de Lençol de Gelo da Universidade do Maine), desenvolvido para reconstruir a forma e o contorno das camadas de gelo passadas e presentes na Terra e em Marte, tendo os resultados sido publicados em 2002 e 2008, respetivamente.

“Esperamos que os depósitos [em Mercúrio] sejam limitados, e que estes sejam basicamente depósitos estacionários e estagnados, refletindo a extrema eficiência do mecanismo de captura polar”, explicam os cientistas em comunicado.

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