Em 1877, um historiador de arte alemão chamado Friedrich Klopfleisch descobriu os restos de uma figura enterrada num túmulo de 1940 a.C.
Pouco se sabe sobre a vida e identidade deste “príncipe” da Idade do Bronze. Um novo exame dos ossos revelou agora pelo menos uma nova informação – alguém não gostava nada dele.
O conteúdo do antigo túmulo no distrito de Leubingen, no estado de Turíngia, no leste da Alemanha, encantou os arqueólogos desde que Klopfleisch o encontrou. No mesmo túmulo havia objetos feitos de ouro, um punhal, machados, várias lâminas de bronze, uma bigorna de pedra e uma panela de barro – indicando que este era um homem com poder.
Curiosamente, os ossos do braço de uma criança pequena estavam por perto, como se um corpo jovem estivesse deitado no colo do ocupante do túmulo.
Quanto a quem a figura rica poderia ter sido, só pode haver suposições. Os ossos são de um homem mais velho, exibindo sinais de dentes desgastados, e, até recentemente, não muito mais do que isso.
Em 2012, antropólogos procuraram lesões que poderiam ter explicado a morte do homem, não encontrando nada de conclusivo. O historiador Kai Michael e o arqueólogo Harald Meller – um especialista sobre a cultura da Idade do Bronze – não estavam satisfeitos, e encorajaram os especialistas a voltarem para analisarem de novo.
“Afinal de contas, os seus ossos eram os únicos ossos de um humano encontrados perto do disco celeste”, disse Meller. O disco celeste foi desenterrado por saqueadores há quase vinte anos perto da cidade de Nebra. A placa com 3.600 anos consiste de uma superfície de platina azul-esverdeada incrustada com símbolos astronómicos de ouro.
Enquanto se debate exatamente o propósito que o disco poderia ter tido, as suas marcas sugerem que, provavelmente , ajudou a marcar os solstícios. “Em última análise, estamos a lidar com os únicos restos conhecidos de alguém diretamente ligado ao disco”, diz Michael.
Os resultados da análise forense completa não estarão disponíveis até o próximo ano. Mas um relatório preliminar conclui que, afinal, parecem estar presentes sinais de violência. “Verificámos três ferimentos evidentes nos ossos“, disse o vice-diretor do Instituto de Medicina Legal da Universidade de Saarland, Frank Ramsthaler.
“Provavelmente houve mais ferimentos, mas todos os três que confirmámos teriam sido letais. A arma do crime pode ter sido uma adaga, cuja lâmina teria que ter pelo menos 15 centímetros de comprimento.” Se for verdade, isto tornaria o fim deste príncipe anónimo o exemplo mais antigo de um assassinato político.
A vítima poderia estar de pé contra a parede, apunhalada pelo estômago, cortando artérias e perfurando um pulmão. “É também assim que os gladiadores romanos dariam o golpe de morte”, disse Meller, sugerindo que o ataque tem as características de um guerreiro com experiência.
O começo da Idade do Bronze na Europa marcou uma mudança dramática na cultura, progredindo das estruturas sociais neolíticas igualitárias para as hierarquias marcadas pela produção e posse de bens e materiais caros.
ZAP // Science Alert