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A nostalgia faz-nos bem (e torna-nos otimistas)

A nostalgia, a tristeza profunda ou o estado melancólico causada pela falta de algo ou de alguém, pode ser verdadeiramente benéfica. Mas como nos tornamos nostálgicos e que função psicológica desempenha a nostalgia? Cientistas procuraram responder a essas questões.

Apesar de ter sido considerada uma desordem mental durante séculos, a nostalgia é, um sentimento bastante comum. Uma grande maioria relata sentir nostalgia semanalmente, ao relembrar eventos pessoalmente importantes. Exemplos comuns incluem aniversários, Natais e casamentos – em suma, ocasiões em que estamos cercados por familiares e amigos.

No entanto, a função psicológica que a nostalgia desempenha permanece um mistério. Uma investigação, publicada na Cognition and Emotion, propôs-se a responder a essa questão.

Durante vários séculos, a nostalgia nada mais era do que um desejo triste e ansioso por algo que foi embora ou está longe de nós. Hoje, sabemos que esse sentimento pode ter importantes benefícios psicológicos.

Embora seja desencadeada, a maioria das vezes, por emoções negativas, como a solidão, foi demonstrado que a nostalgia melhora o nosso humor e faz com que a vida pareça realmente significativa: faz-nos sentir amados, protegidos, conectados com os outros e pode desencadear otimismo em relação ao futuro, ajudando-nos a lembrar coisas boas sobre os outros ou sobre nós mesmos.

Mas nem todas as memórias são nostálgicas. Os cientistas chegaram então à conclusão que as pessoas que estão numa experiência significativa têm tendência a fazerem um esforço extra para capturar cada momento.

Segundo o The Conversation, a equipa analisou um grupo de 266 participantes, e descobriu que quanto mais participantes saboreavam um evento, mais nostálgicos se sentiam. Esta descoberta fornece fortes evidências de que saborear o momento é determinante na criação de memórias nostálgicas,

Mas os cientistas não ficaram por aqui e decidiram estender a experiência a um segundo estudo, no qual se focou na nostalgia de um período de vida em geral, em vez de um evento específico – como, por exemplo, o período de vida em que frequentamos a universidade.

Desta vez, a equipa descobriu que quanto mais os participantes desfrutavam do seu tempo na universidade, mais nostalgia sentiam por esse período da sua vida. Além disso, os participantes do estudo que se sentiram mais nostálgicos em relação a este período de vida, relataram maior otimismo em relação ao futuro.

Mas, em ambos os estudos, há uma limitação: os relatos dos participantes aconteceram depois de a experiência já ter terminado. Para contornar essa questão, os cientistas decidiram medir o “sabor” de uma experiência atualmente em curso, que estava prestes a terminar.

Assim, 66 estudantes universitários foram avaliados durante a sua cerimónia de formatura e, cerca de quatro anos e nove meses depois, os cientistas entraram em contacto com os participantes de modo a avaliar a nostalgia que sentiam pela universidade e o quão otimistas estavam em relação ao futuro.

Descobriram, então, que quanto mais os participantes saboreavam o último ano da universidade, mais nostalgia sentiam pela vida universitária meses depois. E, mais uma vez, a nostalgia pela experiência estava estritamente associada a um maior otimismo.

Estas experiências sugerem que um esforço deliberado para capturar e desfrutar de um experiência presente fornece a base para uma memória nostálgica. Portanto, assim que sair à rua para abraçar os seus amigos e a sua família, não se esqueça de levar a máquina fotográfica mais importante da sua vida. E não, não estamos a falar do telemóvel.

ZAP //

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