Cientistas descobrem gelo de CO₂ e CO na periferia do sistema solar

NASA

Pela primeira vez, foram observados gelos de dióxido de carbono e monóxido de carbono nas regiões circundantes do nosso sistema solar.

Num novo estudo, publicado na Nature Astronomy, os investigadores utilizaram as capacidades espectrais no infravermelho do Telescópio Espacial James Webb (JWST) para analisar a composição química de 59 objetos trans-Neptunianos  (TNO) e Centauros, objetos celestes que partilham características tanto dos asteroides como dos cometas.

Segundo a Phys.org, os cientistas descobriram que o dióxido de carbono é abundante nas regiões exteriores frias do disco protoplanetário.

Os investigadores relataram a deteção de CO2 em 56 TNOs e CO em 28, de uma amostra de 59 objetos observados com o JWST.

O CO2 foi encontrado de forma generalizada nas superfícies da população trans-Neptuniana, enquanto que o CO foi detetado apenas em objetos celestes com elevada abundância de dióxido de carbono.

“É a primeira vez que observamos esta região do espetro para uma grande coleção de TNOs, por isso, de certa forma, tudo o que vimos foi único”, afirma o autor principal do estudo Mário De Prá, em comunicado.

A descoberta permite ajudar a compreender a formação do sistema solar e a forma como os objetos celestes podem ter “migrado”.

“Não esperávamos descobrir que o dióxido de carbono era tão comum na região dos TNOs, e muito menos que o monóxido de carbono estivesse em tantos TNOs”, acrescenta De Prá.

O gelo de monóxido de carbono foi observado em Plutão pela sonda New Horizons, mas só depois da JWST é que houve uma observação que permitiu localizar e detetar vestígios de gelo de monóxido de carbono e/ou dióxido de carbono na maior população de TNOs.

“O CO2 foi provavelmente acretado a partir do disco protoplanetário. Por sua vez, a origem do monóxido de carbono é mais incerta”, diz De Prá.

“Este último é um gelo volátil mesmo nas superfícies frias dos TNOs. Não podemos excluir a hipótese de o monóxido de carbono ter sido primordialmente acrescido e de alguma forma ter ficado retido até à data atual. No entanto, os dados sugerem que pode ser produzido pela irradiação de gelos contendo carbono“, realça.

Os cientistas analisaram e compararam as bandas de absorção de CO2 e CO em todos os objetos, e notaram que alguns objetos apresentam CO2 puro, enquanto outros o têm misturado com outros compostos.

A ligação das características do dióxido de carbono aos parâmetros orbitais e físicos permitiu concluir que as variações do dióxido de carbono são provavelmente representativas das diferentes regiões de formação e da evolução inicial dos objetos”, conclui a coautora do estudo Elsa Hénault.

Soraia Ferreira, ZAP //

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