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Pirâmide descoberta em Chupacigarro é da civilização mais antiga da América

No Peru, arqueólogos encontraram uma estrutura piramidal e um enigmático geoglifo de 62 metros que só pode ser visto a partir de um ponto específico, revelando novos segredos sobre a civilização de Caral.

Um novo edifício piramidal foi descoberto esta semana nas proximidades de Caral, um sítio arqueológico pré-hispânico considerado o berço da civilização mais antiga da América, com cerca de 5.000 anos de antiguidade.

O edifício está localizado no assentamento urbano de Chupacigarro, a norte de Lima, a cerca de um quilómetro de Caral, detalhou o Ministério da Cultura do Peru.

Caral é considerada contemporânea de outras civilizações, como as da Mesopotâmia, e é tida como a primeira sociedade a estabelecer um grau de desenvolvimento urbano e social avançado na América, incluindo a construção de pirâmides.

Christopher Kleihege/UNESCO

Outras pirâmides já eram conhecidas na região, como esta, encontrada na Cidade Sagrada de Caral.

“As recentes explorações arqueológicas permitiram identificar este novo edifício, que estava coberto por um pequeno conjunto de árvores secas e vegetação. Ao remover estes arbustos, foram revelados os muros de pedra que formam, pelo menos, três plataformas sobrepostas“, explicou um comunicado do Ministério da Cultura.

Nos muros, há grandes pedras posicionadas verticalmente, chamadas “huancas“, que marcam os cantos do edifício quadrangular, além de uma escadaria central que permitia o acesso ao topo.

O Ministério da Cultura afirmou que as investigações permitirão à equipa liderada pela arqueóloga Ruth Shady compreender o traçado urbano completo de Chupacigarro, complementando a sua valorização para que possa ser visitado juntamente com Caral.

Chupacigarro faz parte, juntamente com a Cidade Sagrada de Caral, de um sistema maior que inclui vários sítios arqueológicos no vale de Supe, pertencentes à antiga civilização de Caral. No local onde a pirâmide foi encontrada, estão dispersas 12 estruturas consideradas públicas ou cerimoniais, situadas no topo de pequenas colinas em redor de um espaço central.

Características arquitetónicas e urbanísticas do assentamento

Os especialistas indicam que os edifícios variam em tamanho, orientação e características, aparentemente por razões funcionais.

Na periferia, foi identificada uma estrutura considerada residencial, com pequenos edifícios organizados em torno de uma estrutura principal que possui uma praça circular rebaixada, típica do período histórico.

“Estes indícios permitem-nos confirmar a existência de um pequeno centro urbano com vários edifícios públicos e seculares, abrangendo uma área de 38,59 hectares [385 metros quadrados]”, destacou o comunicado.

Chupacigarro foi estabelecido num local geográfico estratégico, devido à sua proximidade com o vale inferior e o litoral, de onde obtinha produtos do mar. Os seus habitantes também tinham acesso à floresta ribeirinha, a nascentes, a pedreiras e a campos agrícolas.

“O assentamento não era visível do vale, o que sugere que fazia parte de uma extensão da Cidade Sagrada de Caral, possivelmente com uma função mais privada ou religiosa”, salientou o Ministério da Cultura.

Um dos achados mais representativos do local é um geoglifo de 62,1 por 30,3 metros, visível apenas a partir de um ponto estratégico de Chupacigarro.

O grande desenho representa uma cabeça de perfil no estilo pré-hispânico do norte, de Sechín, traçada com pedras angulares. A imagem apresenta o rosto voltado para leste, o olho fechado, a boca aberta e uma representação do cabelo agitado pelo vento ou de sangue a sair da cabeça.

ZAP // DW

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