Oropouche está presente em vários animais e deve poder ser transmitido através de atividade sexual. A Organização Pan-Americana da Saúde emitiu um alerta, numa altura em que o vírus já afetou 10 mil pessoas num só ano.
Foi identificado pela primeira vez em 1955 e recebeu o nome da aldeia de Trinidad onde foi encontrado. Pronuncia-se “o-ro-push“, conta a NPR, que explica que o vírus não é conhecido da população, mas tem vindo a receber a atenção dos especialistas nos últimos meses.
Isto porque, por exemplo, no Brasil, foram, entre 2015 e 2022, registados 261 casos de Oropouche. Já em 2024, foram mais de 10 mil casos que afetaram, essencialmente, a América do Sul e as Caraíbas, o que já valeu a estes países um alerta epidemiológico emitido pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
O Oropouche está presente em aves, macacos, roedores e preguiças, bem como em mosquitos semelhantes aos do dengue.Tal como esse vírus ou como o Zika, o Oropouche é um arbovírus (ou seja, transmitido por picadas de insetos).
Os sintomas da infeção por Oropouche são igualmente típicos de muitos outros vírus e duram geralmente uma semana: febre, erupção cutânea, dores musculares, dores de cabeça. Mas, alerta a NPR, alguns casos podem ser mais graves, causando encefalite e meningite — inflamação do cérebro e da membrana circundante, o que pode provocar o seu inchaço.
Agora, um estudo publicado na revista Emerging Infectious Disease em outubro, refere que o contacto sexual pode ser uma forma de transmitir o vírus.
Em 2 de agosto de 2024, um homem que tinha estado em Cuba de 19 a 29 de julho foi diagnosticado com Oropouche num hospital em Itália. Em análises realizadas ao seu sémen, cientistas descobriram que o vírus estava presente 16 dias depois do início dos sintomas — e 6 dias depois de estes terem desaparecido completamente. Perceberam, ainda, que o vírus era capaz de se replicar e propagar.
“Isto pode abrir uma nova via de transmissão”, alertou Tulio de Oliveira da Universidade de Stellenbosch ao NPR. PAra além disso, tal como acontece com o Zika, a mãe pode transmitir o vírus ao feto durante a gravidez.
Para além disso, Davidson Hamer, médico de doenças infecciosas e professor de Saúde Global e Medicina na Escola de Saúde Pública da Universidade de Boston diz que “o vírus sofreu um rearranjo e é muito diferente do que circulava anteriormente”, pelo que “as pessoas que tinham imunidade em episódios anteriores — há 5, 10 anos — podem voltar a ser infetadas.”