Milhões de casas britânicas foram digitalizadas por carros da Tesla, naquele que foi um dos primeiros passos para a reabilitação energética em massa no Reino Unido.
Entre março e maio deste ano, circularam pelo no Reino Unido carros peculiares da Tesla, semelhantes aos veículos do Google Street View, com câmaras e sensores de última geração que analisam e fotografam as ruas.
No entanto, além das fotografias, estes carros também recolheram dados detalhados sobre as dimensões, a perda de calor, os materiais, a idade e o estado de degradação dos edifícios.
Conhecido como sistema de digitalização do ambiente construído (BESS), estes veículos analisaram milhares de ruas e milhões de edifícios em cidades como Londres, Liverpool, Cardiff, Glasgow, Manchester, etc..
Os dados recolhidos pelos BESS estão agora a ser combinados com imagens térmicas captadas por drones e aviões num projeto de quatro milhões de libras, financiado pelo governo britânico, pela Agência Espacial do Reino Unido e pela Innovate UK.
Como explica a New Scientist, o objetivo é criar uma base de dados digital que detalhe o estado dos edifícios no Reino Unido, ajudando senhorios, autarquias e outros proprietários a planear projetos de reabilitação, nomeadamente com vista à descarbonização dos edifícios.
Reabilitação energética em massa
A descarbonização do parque imobiliário do Reino Unido é um dos maiores desafios para atingir as emissões líquidas zero.
Os 30 milhões de edifícios do país são responsáveis por cerca de um terço das emissões de gases com efeito de estufa, principalmente devido ao aquecimento.
A New Scientist refere que muitas casas no Reino Unido, por serem antigas, têm problemas de isolamento, o que torna a reabilitação energética crucial.
Atualmente, a única ferramenta para avaliar a sustentabilidade dos edifícios são os certificados de desempenho energético (EPC). No entanto, é um método caro, lento e impreciso.
A nova base de dados pretende digitalizar grande parte desse processo. E como? Utilizando aprendizagem automática, poderá informar as autarquias sobre o estado de janelas, isolamento e a viabilidade de instalar painéis solares, além de calcular as poupanças energéticas e o retorno do investimento.
Se funcionar como planeado, este método dirá, por exemplo, que propriedades já precisam de janelas com vidros duplos, ou quais as casas que precisam de um reforço do isolamento das paredes das cavidades.
Rapidamente, será também capaz de localizar exatamente quais as casas que têm espaço e luz solar para painéis solares no telhado; e ainda poderá calcular as poupanças previstas nas faturas de energia, fornecendo informações sobre o retorno do investimento para que as organizações possam desbloquear o acesso ao financiamento ecológico.
7,5% das casas em Inglaterra, Escócia e País de Gales já estão digitalizadas. O objetivo é lançar uma versão beta da base de dados ainda este ano.
No futuro, os dados recolhidos pelos BESS poderão ser utilizados para outros fins, como monitorizar a cobertura de árvores e identificar buracos no pavimento.
