Mudar a hora do relógio duas vezes por ano é chato, menos em dois lugares do planeta, onde isso não acontece. Nos pólos, o tempo é muito mais flexível, uma vez que, devido à inclinação do planeta, não há distinção entre o dia e a noite.
Em (quase) todo o mundo, as pessoas têm de mudar a hora duas vezes por ano.
São muito poucos os que se dão ao luxo de ignorar essa obrigação… mas existem: quem está nos pólos da Terra não tem de mudar a hora.
Devido à inclinação do planeta, o conceito de dia e noite torna-se ambíguo perto dos pólos Norte e Sul – o que desafia, naqueles lugares, a compreensão tradicional do tempo.
Se por tudo lado, na Antártida, as “estações de pesquisa” adotam o fuso horário do país que as opera; por outro, no Ártico, quem por lá passa é que define a hora.
Uma coisa é certa: ali, não há debates sobre a fixação de um fuso horário permanente.
No pólo sul…
Na Antártida, onde aproximadamente 5.000 cientistas permanecem durante o verão e cerca de 1.000 durante o inverno rigoroso, as zonas horárias não estão padronizadas.
Para coerência logística, os habitantes temporários da Antártida seguem as zonas horárias dos respetivos países de origem. Por exemplo, a Estação do Polo Sul Amundsen-Scott funciona no horário da Nova Zelândia.
Isto pode significar que, em alguns casos, haja igualmente ajustes no fuso horário, tal como fariam nos seus países de origem.
No pólo norte…
No Ártico, a situação de marcação de tempo é ainda mais idiossincrática. A hora é escolhida “à discrição”, como explica o IFLScience.
Os navios que ali passam, por vezes, encontram-se a operar em zonas horárias completamente diferentes de outros navios com que se cruzam.
Ou seja, para os capitães da embarcações, o Ártico oferece a rara liberdade de escolher a própria hora.
Esta flexibilidade na marcação de tempo nos pólos contrasta fortemente com os esforços em países como Portugal, onde se debatem propostas para estabelecer uma zona horária permanente, para evitar o ritual bianual de mudar a hora do relógio.
Enquanto a maioria das pessoas continua a lamentar-se sobre essas mudanças que afetam os seus ritmos circadianos, os pólos servem como exceções fascinantes, levantando questões sobre a nossa aderência rígida ao tempo, num mundo cada vez mais globalizado.