Putin admite pela primeira vez que sanções à Rússia têm consequências

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Mikhail Metzel / EPA

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, reconheceu pela primeira vez que as sanções ocidentais contra o país estão a produzir efeitos.

Os russos davam entender que as sanções adotadas pela União Europeia (UE), Estados Unidos (EUA) e outros países, estavam a falhar, mas agora Putin admitiu que estão a ter um impacto negativo na economia do país a médio prazo.

“As restrições ilícitas impostas à economia russa, podem ter de facto a médio prazo um impacto negativo. Neste sentido, temos de garantir um aumento sustentável da procura interna”, indicou, durante uma reunião com o Governo, na qual lamentou que o Executivo não esteja a encontrar soluções para relançar as indústrias russas mais afetadas pelas sanções ocidentais.

“Por agora, a nossa indústria permanece infelizmente lenta, abaixo do nível do ano passado. Peço-vos que atentem nisso, é extremamente importante. O objetivo prioritário é restaurar as indústrias mais afetadas, tais como a indústria automóvel e da madeira.

Apesar do impacto, a Rússia mantém-se empenhada na guerra, em especial na tomada de Bakhmut, onde estará a reforçar o número de militares.

Por seu lado, o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, também garantiu que não vai entregar a cidade.

“Ele [Putin] vai vender esta vitória. Vai vender esta vitória ao ocidente, à sua sociedade, à China, ao Irão, a todos os países, ao Brasil, aos países da América Latina…”, disse em entrevista à agência Associated Press.

O líder ucraniano referiu ainda estar disposto a receber o homólogo chinês Xi Jinping em Kiev para discutir o fim da guerra.

“Quero falar com ele [com Xi]. Porque eu tinha contacto com ele antes da guerra em larga escala. Mas ao longo de todo este ano, mais de um ano, não tive contacto. Estamos dispostos a vê-lo cá”, referiu Zelenskyy.

Na quarta-feira, o embaixador russo em Estocolmo avisou que a Finlândia e a Suécia passarão a ser alvos legítimos de medidas retaliatórias, inclusive de natureza militar, se aderirem à NATO. O ministro dos Negócios Estrangeiros já chamou o diplomata para obter explicações.

Contraofensiva ucraniana para abril ou maio

O ministro da Defesa ucraniano apontou, na quarta-feira, a contraofensiva das forças de Kiev para abril ou maio, após a chegada dos primeiros tanques alemães e britânicos, num momento que as tropas russas intensificaram os ataques no Donbass.

“Depende das condições climáticas. Na primavera, o solo fica muito húmido. Somente veículos sobre lagartas podem ser usados. Acho que veremos [a contraofensiva] em abril-maio”, disse Oleksii Reznikov, em declarações a jornalistas estónios.

Há poucos dias, Zelensky garantiu que a contraofensiva não será possível até que Kiev receba as armas e munições necessárias para não enviar os soldados para uma morte certa.

Reznikov explicou que o Estado-Maior espera o “momento certo” e que o contra-ataque vai decorrer em vários setores da frente, sem especificar. “Tenho certeza de que continuaremos a libertar os territórios ocupados, como já fizemos em Kiev, Chernigiv, Sumi, Kharkiv e Kherson”, afirmou.

O ministro, que previu “mudanças muito positivas para a Ucrânia” este ano, embarcou na quarta-feira num dos tanques Marder fornecidos pela Alemanha, que também despachou o primeiro lote de 18 Leopard 2 na segunda-feira.

Na terça-feira foi a vez dos britânicos Challengers e na quarta-feira a ministra da Defesa espanhola, Margarita Robles, anunciou que Madrid vai enviar seis Leopard 2 para Kiev assim que estiverem reparados.

Sobre as promessas europeias de um milhão de munições, Reznikov admitiu que o exército ucraniano precisa de mais para recuperar territórios, embora tenha especificado que as forças de Kiev gastam entre 4.000 e 7.000 munições por dia, enquanto as de Moscovo usam cerca de 20 mil.

Na frente leste, após algumas semanas de impasse, os mercenários do Grupo Wagner parecem intensificar novamente as suas operações de assalto ao reduto de Bakhmut, na região de Donetsk.

Segundo o norte-americano Instituto de Estudos da Guerra (ISW), os efetivos do Grupo Wagner podem ter tomado o complexo metalúrgico de Azov, cujos túneis serviram de trincheira para os soldados ucranianos durante nove meses, controlando assim 65% da cidade, e agora estarão a dedicar-se a limpar a área de inimigos.

Enquanto blogues militares russos falam sobre a tomada do mercado e posições perto do Palácio da Cultura no centro da cidade, a imprensa oficial indicou que a luta agora se concentra nas zonas industriais ao sul de Azov.

ZAP //

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