A internet está do lado do CEO do TikTok, Shou Zi Chew, que não teve vida fácil no Congresso dos Estados Unidos, esta quinta-feira.
O Governo francês proibiu esta sexta-feira a instalação e o uso de aplicações recreativas, como o TikTok, nos telemóveis de trabalho dos 2,5 milhões de funcionários públicos. É apenas mais um caso numa crescente onda de oposição à rede social chinesa.
O Governo norte-americano, a Comissão Europeia, os Governos canadiano e britânico, entre outros países e organizações, proibiram recentemente os seus funcionários de usarem o TikTok nos seus telefones de trabalho.
O CEO do TikTok, Shou Zi Chew, foi esta quinta-feira ouvido no Congresso norte-americano, tendo respondido a perguntas sobre cibersegurança e as relações com o Governo chinês. Era uma oportunidade para amenizar as preocupações dos legisladores, que muitos anteviam que fosse ser uma espécie de roast.
Encostado à parede, Shou Zi Chew foi respondendo às perguntas dos congressistas norte-americanos. Wall Street disse que o CEO do TikTok teve um dia “desastroso” no Congresso, “mas a internet está a amá-lo”, escreve a Business Insider.
Alguns críticos acusaram a ByteDance, a empresa que detém o TikTok, de ter laços com o Partido Comunista Chinês, embora a rede social negue aquelas alegações. A empresa diz que não censura conteúdo nem fornece dados ao governo chinês.
Durante as quase cinco horas de audiência, alguns congressistas insistiram nas questões sobre a venda de informações.
O democrata Frank Pallone perguntou se o TikTok vende dados, ao que Shou respondeu que acredita que não vendados “para nenhum agente de informações”. Pallone retaliou: “Eu não perguntei sobre agentes de informações. Vende dados para qualquer pessoa?”.
O empresário insistiu: “Deputado, eu sou realmente a favor de algumas regras…”. Pallone não o deixou terminar: “Eu não perguntei sobre regras, eu perguntei se a empresa TikTok se comprometeria a não vender dados para ninguém”.
“Alguns políticos começaram a falar de banir o TikTok”, disse o CEO. “Agora isto pode retirar o TikTok de 150 milhões de vocês”.
Trechos dos depoimentos de Shou Zi Chew tornaram-se virais no TikTok, com alguns utilizadores a acusar os legisladores norte-americanos de não conhecerem suficientemente bem a aplicação para processar a ByteDance. Pela rede social, são várias as publicações e comentários de apoio a Shou.
Crystal Abidin, professora de estudos de internet na Curtin University, diz que o facto de o CEO ter partilhado um vídeo sobre a audiência foi uma brilhante estratégia de marketing. Abidin descreve as suas respostas como acertadas e organizadas e disse que sua compostura foi profissional.
@tiktokOur CEO, Shou Chew, shares a special message on behalf of the entire TikTok team to thank our community of 150 million Americans ahead of his congressional hearing later this week.
Em contraste, a especialista diz que as reações dos utilizadores nas redes sociais focam-se no tom rude e condescendente dos congressistas.
China diz que nunca pediu ao TikTok que fornecesse dados
A China assegurou hoje que “nunca pediu, nem pedirá” a empresas ou indivíduos que violem a legislação de outro país para recolher informações.
A porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Mao Ning, garantiu que o governo chinês “atribui grande importância à proteção da segurança e privacidade dos dados, de acordo com a lei”.
A porta-voz acusou Washington de atribuir culpas ao TikTok, “apesar de não ter oferecido qualquer prova” de que a app constitui uma ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos.
Mao considerou a possibilidade de o TikTok ser banido nos EUA como uma “perseguição política alimentada pela xenofobia”.
O ministério do Comércio chinês afirmou na quinta-feira que Pequim “opõe-se firmemente” a um veto à aplicação.
Segundo vários órgãos de comunicação norte-americanos, Washington informou a empresa de tecnologia chinesa ByteDance que deve vender a sua participação no TikTok. Caso contrário, as autoridades vão banir a rede social nos Estados Unidos.
O ministério do Comércio argumentou que a venda do TikTok “equivaleria a exportação de tecnologia”, o que deve “seguir procedimentos administrativos de licenciamento, de acordo com as leis chinesas”.
ZAP // Lusa