O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou, esta quinta-feira, os resultados provisórios do Censos 2021.
Portugal tem 10.344.802 habitantes e perdeu 217.376 pessoas nos últimos 10 anos, uma percentagem de 2,1% que resulta de um saldo natural negativo de 250.066 pessoas.
Portugal só tinha registado uma perda de população entre Censos em 1970, “como resultado da elevada emigração verificada na década de 1960”.
Desde 2011, a população só cresceu nas regiões do Algarve (3,7%), que tem 467.475 habitantes, e na Área Metropolitana de Lisboa (1,7%) que tem 2.870.770.
Registaram-se descidas em todas as outras: o Alentejo, com 704.707 habitantes, perdeu 6,9% da sua população, a Região Autónoma da Madeira, com 250.769 pessoas, perdeu 6,4%, e a região Centro, com 2.227.567, perdeu 4,3% da população.
Na região Autónoma dos Açores, com 236.440 habitantes, a perda foi de 4,2%, e na região Norte, com 3.587.074, há menos 2,8% de habitantes.
Um em cada quatro portugueses é idoso
O número de pessoas com 65 anos ou mais de idade aumentou 20,6% nos últimos 10 anos e representa hoje 23,4% da população portuguesa – ou seja, quase um em cada quatro portugueses é idoso.
O INE assinala também que aumentou na última década o desequilíbrio no volume da população dos dois sexos, com um rácio de 90,7 homens por cada 100 mulheres, menos 0,8 pontos do que em 2011.
Portugal tem 2.424.122 pessoas com 65 anos ou mais e 1.331.396 com menos de 15 anos. Há ainda 5.500.951 pessoas com idades entre os 25 e os 64 anos (53,2% do total da população) e 1.088.333 com idades entre os 15 e os 24 anos (10,5%).
O grupo populacional que teve “redução mais significativa” foi o das pessoas até aos 15 anos, que desceu 15,3% e representa hoje 12,9% do total, enquanto a população jovem em idade ativa (dos 15 aos 24 anos) desceu 5,1% e as pessoas com idades entre os 25 e os 64 anos diminuiram 5,7%.
Agravou-se assim “o duplo envelhecimento da população” com a redução dos jovens e o aumento dos mais velhos, assinala o INE.
Atualmente, o índice de envelhecimento da população traduz-se em 182 idosos por cada 100 jovens. Este indicador tem aumentado progressivamente: em 2011 havia 128 jovens por 100 idosos em 2001 eram 102.
Por região, o Alentejo, com um índice de 229 idosos por 100 jovens, e o Centro, com 219 por cada 100, apresentam os índices de envelhecimento maiores.
“O envelhecimento demográfico em Portugal continuou a acentuar-se de forma muito expressiva, salientando os desequilíbrios já evidenciados na década anterior”, analisa o INE.
É nos Açores que se encontra a maior percentagem de população mais jovem, com 14,6% de habitantes com idades até 15 anos e 11,9% de jovens ativos, com idades entre os 15 e os 24 anos, a par da menor percentagem de pessoas com mais de 65 anos, que se situa em 16,5%.
Por contraste, é na região Centro que se regista a percentagem mais baixa de população com menos de 15 anos (11,8%) e a maior de pessoas com mais de 65 anos (27%, o mesmo valor que o Alentejo para este grupo etário).
Distribuição por sexo
Em relação à distribuição por sexo, Portugal tem uma população feminina de 5.523.632 e uma população masculina de 4.921.170.
Até aos 24 anos, há predominância de pessoas do sexo masculino: 682.370 crianças do sexo masculino e 649.026 do sexo feminino com menos de 15 anos e 556.311 homens e 532.022 mulheres entre os 15 e os 24 anos.
Acima dos 65 anos, o número de homens (1.037.044) é “significativamente inferior” em relação ao de mulheres (1.387.078), uma consequência dos “maiores níveis de mortalidade da população masculina”.
Entre os 25 e os 64 anos, há 2.855.506 mulheres e 2.645.445 homens.
Oleiros, Alcoutim e Almeida são os concelhos mais envelhecidos. Ribeira Grande, Lagoa e Santa Cruz os mais jovens.
Estrangeiros aumentam cerca de 40%
Os dados do INE revelam um aumento de 40,6% de pessoas de nacionalidade estrangeira residentes em Portugal, que agora representam 5,4% do total da população.
À data da realização do Censos2021, residiam em Portugal 555.299 pessoas de nacionalidade estrangeira, um valor superior aos 3,7% verificados em 2011, conclui o INE, nos dados divulgados hoje.
Entre os estrangeiros residentes em Portugal, 452.231 (81,4% do total) são nacionais de países que não integram a União Europeia.
De acordo com o INE, a população estrangeira reforçou a “importância relativa” nas sete unidades estatísticas consideradas no Censos – Norte, Centro, Área Metropolitana de Lisboa, Alentejo, Algarve, Açores e Madeira –, revelando “maior representatividade” no Algarve e na Área Metropolitana de Lisboa, com 14,7% e 8,9% respetivamente.
Aliás, “a grande maioria” dos municípios com presença mais elevada de população estrangeira situa-se a sul do país, nomeadamente na região do Algarve e na Área Metropolitana de Lisboa. Odemira (28,6%), Aljezur (26,3%), Vila do Bispo (26,1%) Lagos (23,4%) e Albufeira (20,4%) são os municípios onde a população estrangeira é mais representativa, segundo os dados.
Do lado oposto, existem 13 municípios onde o número de estrangeiros é inferior a 1% da população residente, com Barrancos e Mesão Frio (ambos com 0,5%) e Gavião (0,6%) a registarem os valores mais baixos.
Os Açores são o território com menos estrangeiros (1,5% da população residente).
Aumentam os divorciados, diminuem os casados
Houve também um aumento de divórcios e uma diminuição de casamentos, havendo 43,4% de solteiros entre a população residente em Portugal. A população com estado civil “casado” representa atualmente 41,1%, uma redução em 2,1 pontos percentuais face a 2011.
Já a categoria de estado civil “divorciado” foi assinalada por 8,0% dos residentes em Portugal, um aumento de dois pontos percentuais relativamente aos Censos anteriores. O INE nota que a percentagem de divorciados é, “pela primeira vez, superior ao valor da população com estado civil viúvo”, que, segundo os dados provisórios, é de 7,5%.
A análise do estado civil por sexo revela “algumas diferenças entre homens e mulheres”, com os homens a terem um número maior entre os solteiros e as mulheres a estarem mais representadas entre os viúvos.
“A proporção de homens solteiros é de 46,8%, face a 40,2% de mulheres solteiras. A proporção de mulheres viúvas é de 11,7%, enquanto que a de homens viúvos é de apenas 3,0%”, explicita o INE.
Aumento da escolarização
O nível de escolarização em Portugal aumentou significativamente em Portugal e 21,3% da população tem hoje o ensino secundário, crescendo também o número de residentes com cursos superiores.
De acordo com resultados provisórios, em 2021 tinham o e ensino secundário ou pós-secundário 21,3% dos residentes em Portugal, um aumento em relação aos 11,8% registados em 2011.
Também ao nível do ensino superior houve um crescimento significativo, e os Censos de 2021 apontam que a percentagem de população com cursos superiores passou dos 11,8% para os 17,4%. O INE destaca que, em geral, “o nível de escolaridade da população aumentou de forma significativa”.
Paralelamente ao reforço da população com pelo menos o ensino secundário, que se fixa nos 38,7% considerando também aqueles que continuaram para o superior, diminuiu a percentagem de pessoas que não vão além do 3.º ciclo.
Em 2021, a percentagem de população sem nenhum nível de ensino completo é de 13,7% (menos 5,2 pontos percentuais em relação a 2011) e 21,4% tinham apenas o 1.º ciclo (era 25,5%). Os 2.º e 3.º ciclos do ensino básico representam 10,7% e 15,5%, respetivamente.
Entre os 1.800.101 indivíduos com formação superior, a maioria são mulheres (60%) que também representam, por outro lado, a maioria dos residentes sem nível de ensino (54,5%) e com apenas o 1.º ciclo (54,4%).
Por município, os resultados apontam um contraste entre o litoral e o interior do país, registando-se níveis mais elevados de escolarização em algumas zonas das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto e nas sedes de distrito.
Por exemplo, é em Lisboa onde a proporção de população com ensino superior é mais elevada (36,8%), seguindo-se Oeiras (33,1%), Porto (32,1%), Coimbra (28,2%) e Aveiro (25,1%).
Do lado oposto, os municípios com as percentagens mais baixas de população com ensino superior são Pampilhosa da Serra (4,8%), Cinfães (5,8%) e Freixo de Espada à Cinta (6,4%).
Um quinto das rendas é superior a mil euros
Os dados provisórios do INE indicam que há mais casas arrendadas (22,3%) em comparação com há dez anos (19,9%). Além disso, “ao nível dos alojamentos ocupados pelo proprietário, 61,6% não tem encargos financeiros resultantes da aquisição da habitação”, refere o INE.
Para os alojamentos em que existem encargos por compra, os escalões mensais de encargos mais representativos são o dos “200 a 299,99 euros”, com 11,1%, e o dos “300 a 399,99 euros”, com 9,2% do total de alojamentos ocupados pelo proprietário.
Já o escalão mais baixo (“menos de 100 euros” mensais) e o mais elevado (“1.000 euros ou mais”) representam apenas 1,2% e 1,1%, respetivamente.
No que respeita aos alojamentos familiares em regime de arrendamento, que totalizam 922.921 alojamentos, o escalão do valor mensal da renda com maior representatividade é o dos “650 euros aos 999,99 euros”, com 40,4% dos alojamentos ocupados por arrendatários.
As rendas mensais acima de 1.000 euros representam 21% e o escalão com as rendas mais baixas (“menos de 100 euros”) tem um peso 12,5%.
Portugal registou ainda “um ligeiro crescimento” dos edifícios e alojamentos para habitação, mas a “ritmo bastante inferior” ao de décadas anteriores, sendo 70% dos alojamentos ocupados pelo proprietário, mas tendo o arrendamento aumentado 16% face a 2011.
“O número de edifícios destinados à habitação é de 3.573.416 e o de alojamentos de 5.981.485, valores que, face a 2011, representam um aumento de 0,8% e 1,7%, respetivamente”, lê-se no documento.
O INE nota que “o crescimento do parque habitacional entre 2011 e 2021 é significativamente inferior ao verificado na década anterior, quando os valores se situavam na ordem dos 12% para edifícios e os 16% para alojamentos”.
ZAP // Lusa