Membros da Comissão Técnica de Vacinação adiantam que a ‘luz verde’ da EMA não será suficiente para avançar com a inoculação de crianças.
A vacinação das crianças contra a covid-19 é algo que ainda está sob apreciação da Agência Europeia do Medicamento (EMA). Quando os governantes eram questionados sobre esta possibilidade, remetiam para a decisão da agência.
No entanto, a aprovação da EMA não bastará para a Comissão Técnica de Vacinação aconselhar as autoridades de saúde a iniciarem a vacinação de menores entre os 5 e os 11 anos.
O epidemiologista Manuel Carmo Gomes diz, em declarações ao Observador, que o “o simples facto de haver uma vacina que é eficaz e que é segura não basta para decidir logo que se vai administrar”.
“Os benefícios têm de ser claramente superiores aos riscos, tem de ser algo quantificável”, acrescentou.
A ‘luz verde’ da EMA não será suficiente, havendo outros pacotes de dados da agência, que não foram tornados públicos, a avaliar.
Está ainda em cima da mesa a possibilidade de apenas algumas crianças serem vacinadas, nomeadamente as que sofrem de comorbilidades associadas à covid-19.
Luís Graça, imunologista que também faz parte da Comissão Técnica, assume que se vai avaliar se há grupos de crianças em que o benefício da vacinação suplanta o risco, escreve o Observador.
Uma situação semelhante aconteceu relativamente à vacinação dos adolescentes entre os 12 e os 15 anos. Só dez dias depois é que a Comissão entendeu que estavam reunidas as condições para avançar com a inoculação desta faixa etária.
“Infelizmente, nesta pandemia, temos tido necessidade de tomar decisões com menos informações do que gostaríamos de ter”, explica Carmo Gomes: “Esta é uma situação muito diferente das que eu vivi durante 20 anos na Comissão Técnica de Vacinação, em que sempre que introduzíamos uma nova vacina tínhamos dois, três ou quatro anos de ensaios, experiências, de relatórios publicados para tomar decisões muito bem fundamentadas”.
“Vamos aguardar pelo parecer da EMA, vamos ver qual é a fundamentação do parecer, depois vamos reunir a informação que pudermos e fazer o nosso trabalho”, acrescentou.
A decisão e motivo de vacinar não pode ser para proteger a sociedade, tem de ser colocado acima de tudo o interesse individual das crianças.
Ainda bem que não embarcaram na narrativa mundial de que as crianças transportam o vírus e tem de ser vacinadas. Esse argumento nunca deveria ser usado