Mais agentes de segurança e menos tempos de espera ajudariam a reduzir violência na saúde

Mais agentes de segurança e mais profissionais para diminuir os tempos de espera são apontados como fundamentais para reduzir a violência contra profissionais de saúde, segundo um estudo que é publicado esta segunda-feira na Acta Médica Portuguesa.

O estudo, realizado num hospital público de Lisboa entre abril e maio de 2018, identificou 41 episódios de violência reportados pelos profissionais de saúde e sugere que se definam sanções para utentes ou familiares violentos. A maioria das situações (24) eram casos de violência verbal por parte de utentes ou familiares próximos.

Entre as 41 situações, os profissionais reportaram 14 casos de violência física por parte de doentes ou seus acompanhantes. Foram ainda registados três casos de violência verbal entre profissionais.

Entre as razões que motivaram as agressões (verbais ou físicas), os “longos tempos de espera” surgem maioritariamente, sendo referidos em 20 dos 41 incidentes. Como causas, segue-se o “desrespeito” ou a insolência de doentes e acompanhantes para com os profissionais.

A análise, liderada pela investigadora Helena Sofia Antão, da Escola Nacional de Saúde Pública, sublinha a baixa notificação dos incidentes de violência registados.

Apenas 23% dos profissionais que foram vítimas de agressões decidiram notificar o incidente. “A baixa notificação contribui para a ausência de medidas organizacionais” que evitem ou combatam o problema, referem os autores do estudo.

Entre as sugestões para evitar ou minimizar os incidentes, a análise aponta para mais agentes de segurança ou polícias, o aumento do número de profissionais para reduzir os tempos de espera e ainda dar mais informação a utentes e familiares sobre os tempos de espera.

A violência contra profissionais de saúde é favorecida pelo acesso livre às zonas de trabalho, pela falta de agentes de segurança ou polícia nas unidades de saúde, sublinha o estudo, recordando que a violência no local de trabalho é um fator de risco que tem impacto negativo na saúde dos trabalhadores.

Os autores referem que uma das conclusões “mais preocupantes” do estudo é a falta de conhecimento ou familiaridade com os procedimentos internos sobre violência no local de trabalho.

“Esse desconhecimento acrescenta e piora os sentimentos de insegurança e de perda de controlo”, refere o estudo que será publicado esta segunda-feira na Acta Médica Portuguesa e a que a agência Lusa teve acesso.

Os autores recomendam que as unidades de saúde criem programas de saúde ocupacional em que integrem medidas e estratégias para melhorar a segurança no trabalho, incentivando à notificação dos incidentes. Entre essas estratégias e procedimentos a definir devem estar a definição de sanções para utentes ou familiares violentos.

// Lusa

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