O Tribunal de grande instância de Nanterre, nos arredores de Paris, anulou esta quinta-feira, por vício processual, a acção judicial por difamação intentada pelos filhos de Jonas Savimbi contra a filial francesa da empresa de videogames norte-americana Activision Blizzard.
Os filhos do fundador da UNITA acusam a Activision Blizzard, que edita o conhecido jogo vídeo de guerra “Call of Duty”, de manchar a honra do pai, morto em combate em 2002, cuja imagem é utilizada nas edições de 2012 e 2014 do jogo.
Do ponto de vista dos filhos do líder do antigo movimento rebelde angolano, Jonas Savimbi é representado no “Call of duty” como um “monstro bárbaro”, pelo que reclamaram a supressão desta versão do jogo assim como um milhão de euros de indemnização.
Em causa está uma das missões de “Call of Duty: Black Ops II”, de 2012, na qual a dado momento o jogador é transportado para o Cunene e é recebido pelo falecido líder da UNITA, Jonas Savimbi.
A ação desenrola-se em 1986, no auge da guerra civil angolana. Savimbi e os guerrelheiros da UNITA ajudam o protagonista do jogo, Alex Mason, a resgatar um agente da CIA, um espião que estará nas mãos do MPLA.
Savimbi é representado no jogo “como um grande idiota que quer matar toda a gente“, quando na verdade, sustenta, foi “um líder político e estratega”, sustenta Carole Enfert, advogada da família.
A justiça francesa contudo não deu razão aos familiares de Jonas Savimbi, considerando-se incompetente para julgar este caso e constatando a “nulidade” da acção por vício processual.
Segundo a RFI, os juízes sustentam que esta acção devia ter sido enviada ao Procurador da República, conforme previsto numa lei de 1881 sobre a liberdade de expressão.
Ao dar conta da sua decepção, Cheya Savimbi, um dos filhos de Jonas Savimbi, refere que está a ser encarada a hipótese de um recurso junto da justiça francesa e inclusivamente nos Estados Unidos, sede da Activision Blizzard.
Lançado em 2003, o jogo “Call of Duty” já utilizou a imagem de outros conhecidos líderes, como Fidel Castro, o antigo presidente americano John F. Kennedy ou ainda Manuel Noriega, ex-ditador do Panamá.
Este último tinha intentado uma acção do mesmo género contra a Activision Blizzard, sem sucesso, tendo a justiça americana rejeitado a sua queixa em 2014.
ZAP