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Tudo alinhado para a reunião no Infarmed. A ordem é para desconfinar

José Sena Goulão / Lusa

A ministra da Saúde, Marta Temido

Governo, Presidente da República, partidos e especialistas voltam a sentar-se na sede do Infarmed para decidirem os passos seguintes. Atualização da matriz de risco, alívio no uso de máscara e fim das medidas e horários por concelho são algumas das propostas.

Depois de mais de dois meses sem ouvir os especialistas, Governo, Presidente da República e partidos políticos voltam esta terça-feira à sede do Infarmed para decidirem os passos seguintes.

Uma das sugestões em cima da mesa é a alteração da matriz de risco de modo a acomodar menos restrições no país. Um especialista revelou ao jornal online Observador que a incidência a 14 dias por 100 mil habitantes e o risco de transmissão R(t) vão manter-se, mas as cores deverão alterar, dado que o impacto da incidência é agora inferior graças à cobertura vacinal.

O espectável é que as linhas vermelhas sejam alargadas, de modo a que seja mais difícil o país entrar no vermelho. Atualmente, há três linhas vermelhas essenciais: a incidência alcançar os 240 casos em duas semanas por 100 mil habitantes (vai em 427,5 a nível nacional), o R(t) atingir 1 (está em 1,04) e os internamentos em unidades de cuidados intensivos chegarem a 245 (estavam em 198 esta segunda-feira).

O diário adianta, porém, que o limite dessas linhas vermelhas ainda não está decidido.

Outra das propostas vai no sentido de Portugal deixar de andar a várias velocidades. Isto significa que todas as medidas serão aplicadas a todo o território, independentemente da situação epidemiológica de cada concelho.

As regras para a utilização de máscaras deverão também ser revistas, com a sugestão de as tornar obrigatórias apenas em locais fechados e com muita concentração de pessoas em cima da mesa.

Deverá também ser proposto o abandono das restrições aos horários dos serviços, como restaurantes e centros comerciais.

Uma fonte ouvida pelo Observador revelou que algumas regras irão manter-se, nomeadamente as que dizem respeito à participação em grandes eventos, como festivais de verão, casamentos ou batizados. A ideia é que, nestas circunstâncias, a lotação permaneça limitada a 50%.

Bares e discotecas? Ainda não

O Expresso escreve que a abertura de bares e discotecas poderá ser discutida esta terça-feira, mas poucos acreditam que os especialistas venham a defender isso. Pelo menos, para já.

O Observador também salienta que os especialistas defendem que se aguarde pelo balanço inglês do FreedomDay para decidir como e em que termos o Governo pode dar luz verde aos bares e discotecas.

Se correr bem em Inglaterra, Portugal deve avançar na mesma direção. Seja quando for, terá sempre de se mostrar um comprovativo de vacinação ou um teste negativo para entrar nos espaços.

Governo “não está refém da ciência”

O Governo vai esperar pelos pareceres dos especialistas para decidir se alivia as restrições e se vacina crianças entre os 12 e os 15 anos, mas lembra que a política não está refém da ciência.

“A política não deve interferir na ciência, deve respeitar a ciência, mas também não está capturada nem refém da ciência. São dois âmbitos de decisão diferentes, mas com certeza muitas decisões que tomamos, ponderadas, com equilíbrio técnico, com equilíbrio político, são baseadas em suporte técnico e científico”, disse o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales.

O governante respondia aos jornalistas no final de uma visita à Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, onde na segunda-feira foi reativado o serviço Balcão Nascer Cidadão para o registo de recém-nascidos.

Questionado sobre a possibilidade de alívio nas restrições, nomeadamente na possibilidade de se pôr fim às limitações nos horários de funcionamento em lojas e restaurantes, por exemplo, o governante remeteu qualquer decisão para os resultados da reunião de peritos que decorre esta terça-feira no Infarmed, mas deixando espaço para a tomada de decisões políticas.

A mesma ideia foi repetida quando questionado sobre a vacinação das crianças e jovens entre os 12 e 15 anos, sublinhando que o Governo aguarda a decisão da Direção-Geral da Saúde (DGS).

“Ao Estado compete estar preparado, planear e programar as diferentes decisões. Nós estamos preparados para arrancar com a vacinação dos 12 aos 15 anos antes do início do ano letivo, obviamente esperando por aquilo que será a decisão final da DGS, que eu penso que relativamente breve estará cá fora. Teremos que ouvir a DGS. Mais uma vez repito, a política não deve interferir na ciência, mas não pode estar capturada e refém da ciência e por isso o Estado tem a obrigação de preparar e planear essa possibilidade”, disse.

Em planeamento está também a próxima época gripal, adiantou Lacerda Sales, no dia em foram conhecidos dados que apontam para uma mortalidade nula em consequência do vírus da gripe no último inverno.

“Fizemos na última época com um reforço vacinal e obviamente que faremos este ano um novo reforço vacinal”, disse o secretário de Estado.

Ainda sobre uma notícia avançada pela TSF relativa à inoperacionalidade de aceleradores lineares para tratamentos de radioterapia por falta de físicos médicos e ao encerramento de blocos operatórios por falta de médicos e enfermeiros no Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa, Lacerda Sales adiantou que já foi autorizada a contratação de 78 profissionais.

“Já foi autorizada a contratação de mais 78 profissionais de saúde, entre os quais quatro físicos médicos para poder acorrer à questão da radioterapia e dos aceleradores lineares e muitos outros, cerca de 20 médicos, enfermeiros e outras classes profissionais”, disse.

Liliana Malainho, ZAP // Lusa

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