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Trump admite acidentalmente que não há emergência no muro (e abandona reunião do Congresso)

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Kevin Dietsch / EPA

Donald Trump admitiu acidentalmente que a declaração de emergência que está a considerar sobre a situação na fronteira é tudo apenas sobre política.

Perguntado por um jornalista por que não declarou uma emergência nacional durante o seu discurso na Sala Oval na noite de terça-feira, Trump disse: “Porque acho que podemos fazer um acordo e, se não o fizermos, posso seguir esse caminho”. “Eu tenho o direito absoluto à emergência nacional se eu quiser”, acrescentou o presidente, citado pelo Vox.

O jornalista continuou a perguntar ao presidente qual seria o seu “limite” para declarar a emergência. Mas, em vez de citar a possibilidade de que as condições poderiam deteriorar-se na fronteira sul, Trump citou considerações políticas – em vez de qualquer coisa que esteja a acontecer no local.

“O meu limiar será se não conseguir fazer um acordo com pessoas que não são razoáveis”, disse Trump, aludindo aos democratas que não mostraram um sinal de cedência à exigência de que mais de cinco mil milhões de dólares em fundos para o muro sejam incluídos na conta de financiamento do governo.

Esta terça-feira, o Presidente dos Estados Unidos exigiu financiamento para o muro na fronteira com o México para travar “uma crescente crise humanitária e de segurança”.

Trump foi mais longe, afirmando que o encerramento parcial do governo federal, que dura já há mais de 17 dias à hora que Donald Trump falou, é uma realidade “apenas porque os democratas não querem financiar a segurança das fronteiras”.

No entanto, o presidente não declarou estado de emergência, o que lhe permitiria utilizar fundos do Departamento de Defesa para a construção de um muro sem ter de passar pelo crivo do Congresso.

Trump abandona reunião sobre shutdown no Congresso

O Presidente norte-americano abandonou uma reunião com os líderes do Congresso para negociação da paralisação parcial do Governo por falta de financiamento para o muro na fronteira com o México, permanecendo o impasse que dura há quase um mês.

O líder democrata no Senado, Chuck Schumer, disse que o republicano Donald Trump perguntou à presidente daquele órgão, Nancy Pelosi, se ela concordava em financiar o muro na fronteira com o México e, quando esta respondeu “não”, o Presidente levantou-se e disse: “Então não temos mais nada para discutir”. Schumer classificou a atitude de Donald Trump como “muito, muito lamentável”.

Trump também reagiu no Twitter, escrevendo que a reunião foi uma “perda de tempo” e que perante a recusa de financiamento do muro declarou: “Adeus, nada mais funciona”.

 

Esta disputa pelo muro – uma das promessas de campanha de Trump – ocorre em plena mudança no ciclo político nos EUA, depois dos democratas recuperarem, na semana passada, o controlo da Câmara dos Representantes, embora os republicanos continuem a ter a maioria no Senado.

“Acho que o presidente deixou clara a sua postura de que não vai haver nenhum acordo sem um muro”, disse o vice-presidente Mike Pence após a reunião.

Mais de 800 mil funcionários federais afetados pela paralisação esperam uma resolução do conflito que os aflige desde 22 de dezembro. Muitos encontram-se numa licença forçada sem vencimentos, levando-os a graves problemas financeiros que pioram a cada dia.

ZAP // Lusa

11 Comments

      • É verdade, os EUA estão nos valores mais baixos de desemprego e mais altos de crescimento, mas não é fruto das medidas do TRAMPA, se analisar os gráficos verificará que desde 2010 que a taxa de desemprego desce todos os anos e de forma constante.
        A taxa de crescimento segue a mesma tendência, ou seja, os estados unidos estão apenas a seguir a linha que já vinha de trás.
        Atenção que este actual presidente não inverteu situação alguma, continua na mesma linha que já vinha desde 2010.
        Mas ainda assim, não deixa de ser um anormal, ignorante e arrogante.

      • Desculpe mas isso não é correto. O Trump tem registado as taxas de crescimento mais altas, muito embora a tendência seja a mesma. O ritmo é agora, no entanto, muito maior.
        E tem dúvidas que algum presidente dos US of A um dia teria de tomar um conjunto de medidas como ele está a tomar?!
        Acha mesmo que os US of A poderiam estar permanentemente a comprar produtos chineses à China com o dinheiro que estes lhes emprestam? Acha isso viável? Acha ainda aceitável que a nossa PAC viva à custa dos impostos sobre os produtos do resto do mundo, e sobretudo dos US of A, e ainda por cima financiando a nossa produção? E acha aceitável que as grandes marcas de diferentes setores vão para o México para por aí acederem ao mercado americano através da NAFTA? Ou seja, criam emprego e riqueza no México às custas dos US of A?!!!
        Este presidente disse aquilo que já todos sabíamos (pelos menos os que andam atentos): os US of A eram o bobo da corte do comércio mundial. A situação já era insustentável e protelá-la seria um suicídio.
        Não gosto do Trump, é um brutamontes, um calhau; não gosto dos EUA, por isso designo de US of A (a sua versão campónia), mas reconheço que no plano económico ele tem dado tiros bem certeiros. E a técnica parece-me sempre a mesma: dar uma grande murro na mesa e a seguir obrigar a negociações onde obviamente também cede. Mas o resultado final será sempre mais favorável aos US of A do que o inicial.

      • Só asneiras, esta então é o cúmulo da ignorância:
        “Acha ainda aceitável que a nossa PAC viva à custa dos impostos sobre os produtos do resto do mundo, e sobretudo dos US of A…”

      • Quanto a factos…. sabemos que os ciclos económicos não são imediatos. Quando Barack Obama esteve na presidência as suas medidas económicas levaram anos a concretizarem-se e o que Trump vive agora é um “estado de graça” devido a essas medidas. Os efeitos do que Trump tem estado a fazer nos EUA só se saberão daqui a alguns anos…

  1. O regresso das empresas/empregos e actual taxa de crescimento, que o próprio Obama disse ser impossível, é portanto resultado do trabalho do governo de… (longa pausa) Obama! Simplesmente delicioso.

    • Regresso? Ah como, por exemplo, a Harley-Davidson que pretende desmobilizar fábricas para fora dos EUA para evitar a guerra de tarifas, ou a BMW (que é, na verdade, o maior exportador automóvel dos EUA, já à frente da Ford) que ameaça cortar empregos e desmobilizar parte da produção devido à mesma questão.
      A informação está à disposição de um clique. Basta procurar e não “comer” tudo o que nos põe no prato 🙂

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