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Traça prevista por Darwin e Wallace reconhecida como uma nova espécie

(dr) Minet et al. 2021

A traça Xanthopan praedicta

Uma traça de Madagáscar, cuja existência foi prevista pelos naturalistas Charles Darwin e Alfred Rusell Wallace, foi agora reconhecida como uma nova espécie.

Em 1862, quando Charles Darwin recebeu um espécime de orquídea de Madagáscar (Angraecum sesquipedale) com um tubo de néctar que media 30 centímetros de comprimento, especulou que seria necessária uma traça com uma língua extraordinariamente longa para alcançar o seu néctar.

Cinco anos depois, Alfred Russel Wallace também previu que este inseto existia, tendo escrito até que “os naturalistas que visitam a ilha deveriam procurá-lo com tanta confiança como os astrónomos procuraram Neptuno”, pois seriam “bem-sucedidos”.

Em 1903, Karl Jordan e Lord Walter Rothschild deram-lhe razão e a traça que polinizava estas orquídeas foi finalmente descrita, mas como sendo uma subespécie da traça Xanthopan morgani. Chamaram-lhe então Xanthopan morgani praedicta, que significava “traça prevista”, em homenagem à previsão de Wallace, mas sem mencionar Darwin.

Agora, cientistas descobriram que esta traça de Madagáscar não é uma mera subespécie de uma já existente, mas sim uma nova espécie, tendo sido rebatizada com o nome Xanthopan praedicta, conta o Museu de História Natural de Londres.

A orquídea de Madagáscar Angraecum sesquipedale

A equipa encontrou 25 diferenças morfológicas entre as duas traças, incluindo diferenças significativas na forma dos órgãos genitais masculinos e femininos, no formato das asas e nos padrões de cores.

No entanto, a maior diferença talvez tenha sido a probóscide (órgão nasal destes insetos) que, em média, era 6,6 centímetros mais longa em todas as traças malgaxes que a equipa mediu do que a de qualquer outra traça X. morgani.

“Imaginem o meu entusiasmo ao medir a probóscide de um macho na floresta tropical de Madagáscar e perceber que provavelmente este era o detentor do recorde mundial”, conta David Lees, curador de traças do museu inglês e um dos autores do estudo publicado, em setembro, na revista científica Antenor.

“A mudança taxonómica que agora propomos finalmente dá o reconhecimento há muito merecido, a nível de espécies, a uma das mais celebradas espécies endémicas malgaxes”, concluiu.

ZAP //

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