Os cientistas conseguiram acordar as células sensíveis à luz na mácula humana depois de restaurarem a oxigenação que é perdida após a morte. A descoberta pode facilitar a criação de medicamentos.
Há milhares de milhões de neurónios no sistema nervoso central que enviam a informação sensorial em forma de sinais elétricos no olho. Num novo estudo publicado na Nature, uma equipa de investigadores descobriu como estes neurónios morrem — e novos métodos para os ressuscitar.
“Conseguimos acordar as células fotorecetoras na mácula humana, que é parte da retina responsável pela nossa visão central e pela nossa capacidade de ver pequenos detalhes e a cores. Nos olhos obtidos até cinco horas após a morte de um doador de órgãos, estas células responderam à luz brilhante, luz colorida e até a flashes de luz muito fracos”, explica Fatima Abbas, autora principal do estudo.
Quando as experiências iniciais ressuscitaram os fotorecetores, as células perderam a capacidade de comunicar com outras células na retina. Os cientistas descobriram que a falta de oxigénio era o fator crítico, revela o SciTech Daily.
Para resolverem este problema, os investigadores procuraram doadores de órgãos menos de 20 minutos depois da sua morte e criaram uma unidade de transporte especial para restaurar a oxigenação e outros nutrientes aos olhos do doador.
Também foi criado um dispositivo que estimula a retina e mede a atividade elétrica nas células. Com esta abordagem, a equipa conseguiu restaurar os sinais específicos nos olhos vivos e este processo pode ainda ser usado noutros tecidos no sistema nervoso central.
O novo método pode ainda reduzir os custos em comparação a pesquisas feitas com primatas e com base em modelos animais que não se podem aplicar a humanos. No caso dos ratos, que são muitas vezes usados nas investigações sobre a visão, os animais não têm uma mácula.
O processo permite também testar novos medicamentos em células humanas em funcionamento, o que acelera o desenvolvimento das terapias. Este estudo junta-se a outros que têm levantado questões sobre a natureza irreversível da morte, como uma pesquisa de Yale onde os investigadores conseguiram ressuscitar os cérebros de porcos quatro horas depois da morte.
Deixem os mortos em paz, já vão fartos de ver tanta miséria!