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Radiotelescópio encontrou a sua primeira estrela morta giratória. É um “farol cósmico gigante”

Com a ajuda de um radiotelescópio de baixa frequência na Austrália, uma equipa de astrónomos descobriu um pulsar – uma estrela de neutrões densa que gira rapidamente, enviando ondas de rádio para o cosmos.

Pela primeira, os cientistas detetaram um pulsar com o telescópio Murchison Widefield Array (MWA), na remota região Centro-Oeste da Austrália Ocidental, e acreditam que será o primeiro de muitos.

Nick Swainston, um estudante de doutoramento da Curtin University e investigador no Centro Internacional de Pesquisa em Radioastronomia (ICRAR), fez a descoberta durante o processamento de dados colhidos.

“Pulsares nascem como resultado de supernovas. Quando uma estrela massiva explode e morre, pode deixar para trás um núcleo colapsado conhecido como estrela de neutrões”, disse Swainston, em comunicado. “Têm cerca de uma vez e meia a massa do Sol, mas todos comprimidos em apenas 20 quilómetros e têm campos magnéticos ultrafortes.”

Swainston explicou também que os pulsares giram rapidamente e emitem radiação eletromagnética dos seus polos magnéticos. “Cada vez que essa emissão passa pelas nossa linha de visão, vemos um pulso – é por isso que os chamamos de pulsares. Podemos imaginá-lo como um farol cósmico gigante.”

Ramesh Bhat, astrónomo do ICRAR-Curtin, afirmou que o pulsar recém-descoberto está localizado a mais de três mil anos-luz da Terra e gira uma vez a cada segundo. “Isso é incrivelmente rápido em comparação com estrelas e planetas regulares”, disse. “Mas no mundo dos pulsares, é bastante normal.”

Segundo Bhat, a descoberta foi feita usando cerca de 1% do grande volume de dados colhidos. “Apenas arranhámos a superfície. Quando fizermos este projeto em grande escala, devemos encontrar centenas de pulsares nos próximos anos”, continuou.

Pulsares são usados ​​por astrónomos para várias aplicações, incluindo testes das leis da Física sob condições extremas.

“Uma colher cheia de material de uma estrela de neutrões pesaria milhões de toneladas”, disse Bhat. “Os eus campos magnéticos são alguns dos mais fortes do Universo – cerca de 1.000 biliões de vezes mais fortes do que os que temos na Terra.”

O diretor do MWA, Steven Tingay, disse que a descoberta indica que uma grande população de pulsares aguarda a sua descoberta no hemisfério sul. “Esta descoberta é realmente empolgante porque o processamento de dados é incrivelmente desafiador e os resultados mostram o potencial para descobrirmos muitos mais pulsares”.

O estudo foi publicado esta semana na revista científica The Astrophysical Journal Letters.

Maria Campos, ZAP //

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